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Dica Telecine: 'A Onda' | 2008

Por Rogério Machado

É interessante, e de certa forma desconfortável, acompanhar a jornada do professor Rainer Wenger em 'A Onda', (filme de 2008 que arrebatou crítica e público), que inicialmente se viu inconformado por ter que lecionar sobre autocracia, matéria que ele não nutria muita intimidade. Aos poucos o professor que amava rock e tinha um casamento feliz com uma também professora, foi enxergando a oportunidade que tinha em mãos e tornando suas aulas atrativas aos alunos, com a máxima de que unidos podemos ser mais fortes. Muito bonito e inspirador se o contexto não fosse nefasto.


A trama se passa numa escola da Alemanha, onde alunos tem de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. O professor Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de "A Onda" ao movimento, e escolhem uma camisa branca como  uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar "A Onda" pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com "A Onda", mas aí já teria sido tarde demais para tal. 

A disciplina, o espirito de equipe, a organização, entre outros atributos, eram as primazias perseguidas. A chance de dominar e ter a última palavra foi se tornando cada vez mais atrativa, e daí para as atitudes e resoluções extremas foi questão de poucos passos. A dificuldade de aceitar quem não recebia a nova 'filosofia', muitas vezes culminavam em violência sem limites. O autoritarismo travestido de senso de coletivismo foi aos poucos ficando claro para alguns (ainda que tardiamente) que tudo aquilo era nada mais nada menos do que fascismo. 

Baseado no autoritarismo através do poder ditatorial, o regime se dá através da força, bélica ou não, mas de forma que o opressor cresça sobre o oprimido, independente de ser física, psicológica ou ideologicamente. No caso do professor em questão, ele imprime a ideologia, mas não se dá conta das consequências, e essas seriam as mais catastróficas possíveis. 

Num contexto de polarização política que o Brasil passa de alguns anos para cá, se faz extremamente importante refletir sobre a mensagem de “A onda”, em que são demonstrados quais são os riscos de uma massa se curvar diante de uma figura política, seja ela de qualquer parte do espectro político. A eliminação das diferenças gera automaticamente um processo unilateral de comunicação e tomada de decisões, quando não existe confronto de ideias, existe uma subserviência ao monopólio de uma visão, quanto mais igualmente os pensamentos forem, mais perto o fascismo baterá à nossa porta.









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