A despretensão excessiva torna 'Doce Entardecer na Toscana' relapso | 2020
NOTA 6.0
Por Rafael Yonamine @cinemacrica
A sensação de vazio talvez seja a mais comum aos que acompanharem o desenrolar dos episódios de "Doce Entardecer na Toscana". Será tarefa fácil assimilar rapidamente que o filme objetiva tratar da imigração e xenofobia como pano de fundo, mas não é tão simples aceitar que esse tema necessário seja ilustrado com uma proposta tão relapsa.
No centro de tudo está Maria, imigrante polonesa que passa a habitar a região da Toscana com sua família. O esforço narrativo é pesadamente depositado nela, há pouco espaço para a manifestação de coadjuvantes. Seria uma escolha genial se a protagonista fosse um elemento suficiente para sustentar a ambição de fazer denúncias étnicas enérgicas dentro de um contexto dramático mobilizador.
Porta para dentro, em seu lar, Maria é uma esposa, mãe e avó de tato morno com os familiares. Definitivamente não faz o tipo da matriarca centralizadora do afeto ou modelo a ser seguido. Porta para fora, é uma escritora de fama internacional e de postura liberal-progressista. Não hesita em fazer duras críticas à gestão pública frente aos imigrantes, tampouco se inibe em sustentar uma personalidade leve que flerta com outros homens, em especial um jovem egípcio. Essa acaba sendo a lapidação principal: propor uma figura madura, letrada e bem sucedida que opta pela permeabilidade do enclausuramento das convenções para uma vivência de desapego.
Teria potencial, mas além de circular nessa temática sem exercer profundidade, o roteiro abraça elementos difusos que não contribuem para o objeto principal. No demais, repetem-se os devaneios e investidas vazias da protagonista que romantizam com a vida libertária. Apenas isso.
Vale Ver Mas Nem Tanto!
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