O cineasta Kore-eda mantém a sensibilidade sobre questões familiares em 'A Verdade' | 2020
NOTA 7.0
O cineasta japonês Hirokazu Kore-eda venceu em 2018 a Palma de Ouro em Cannes pelo filme “Assunto de Família”, no qual abordava a desigualdade social no Japão com um olhar humanista, apontando para a liberdade. A obra prima deu a ele visibilidade e confiança suficientes para filmar “A Verdade”, seu primeiro longa não japonês, com direito a um elenco do calibre de Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke.
Embora “A Verdade” não tenha o contexto social e a poesia do filme mais famoso de Kore-eda, algumas das características que marcam a trajetória do diretor não passam despercebidas por aqui, sendo notável a sensibilidade com que ele toca em questões familiares.
Percebe-se no longa, também, a admiração de Kore-eda por Catherine Deneuve, pois, falemos a verdade, o papel que entrega a ela mais parece uma homenagem à veterana atriz, feito sob medida. Afinal, ninguém melhor do que ela para interpretar uma grande atriz francesa.
É, portanto, difícil desvencilhar Deneuve do personagem que interpreta, o que é proposital, tendo em vista que Fabienne Dangeville também tem imensas dificuldades de separar o seu trabalho de atriz da vida pessoal, preferindo muitas vezes a mentira em detrimento da realidade, porque, como ela mesmo diz, a vida real não é tão interessante.
Assim, o título “A Verdade” serve muito bem a um filme cuja protagonista, mesmo em um jantar de família, finge estar nos palcos. Sobre o quão incongruente é escrever um livro de memórias, quando não se quer encarar passado e presente. É sobre a impecável maquiagem que esconde uma vida de aparências.
Vale Ver !
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