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Especial : 12 filmes que enaltecem o #BlackLivesMatter

Vamos começar atentando para um fato curioso sobre a diversidade racial no cinema brasileiro. Há alguns meses a internet começou a prestar atenção na figura de Babu Santana, ator visto em vários filmes importantíssimos e em novelas globais, justamente devido a sua presença no Big Brother Brasil. Babu deu vida a Tim Maia em 2014, como sabemos, mas o que chamou a atenção do público que pesquisou sobre sua carreira é o fato de que, além desse protagonismo, não houve nenhum outro papel de grande destaque para ele. Em sua filmografia, vemos Babu sempre fazendo o papel que "melhor cabe" dentro do esteriótipo do preto, pobre, favelado: o assaltante, carrasco, traficante, porteiro, meliante número 3, policial, capanga, mecânico, e por aí vai. Surgiu, com isso, uma inquietação quanto ao papel do negro nas mídias de entretenimento e de como ele é representado de maneira tão limitada e pejorativa, e aquilo nos fez pensar em como são poucos os papéis de protagonismo que são dados a atores e atrizes negros.


Falamos em outra ocasião, sobre a contradição incômoda que é a infeliz necessidade do uso do termo "representatividade". Ansiamos  a chegada de uma época em que essa palavra seja só uma palavra, e não uma necessidade social como é nos dias de hoje. Negros são maioria no Brasil, mas são tratados como uma parcela insignificante da construção da dita "identidade nacional"; seja nas campanhas de marketing que seguem padrões europeus ou até mesmo no cinema nacional, o negro sempre é marginalizado e quase nunca exaltado. Mas isso tem que acabar!

Seguindo a onda dos protestos (extremamente necessários) #BlackLivesMatter, em prol do respeito a vida de toda a comunidade negra, estamos trazendo hoje alguns títulos do cinema mundial que servem como um memorando da importância de respeitar as diferenças raciais - e também de como é ridículo e ultrapassado o racismo que ainda insiste em permanecer nas nossas estruturas sociais. Cada filme tem sua importância, e a lista foi selecionada a dedo por toda a equipe do Papo. Assista-os e, se possível, apresente-os aos amigos. Todos precisamos exercer o respeito, e conciliar aprendizado com arte é um caminho muito eficiente na propagação dessa ideia.

O racismo mata.
Vidas negras importam.

1 - Destacamento Blood | Spike Lee 

Planejamento ambicioso não implica em execução irretocável. Mesmo tateando terrenos novos, Spike Lee não se descola com nitidez de um conjunto modesto. O olhar incisivo para o racismo nichado num ponto temporal ou delimitado por perímetros sociais ganha espaço no tempo e se desloca dos Estados Unidos para o Vietnã. Um grupo de ex-combatentes negros se reencontram para voltar e encerrar capítulos irresolutos da guerra onde foram também parceiros de batalha. Entre motivações que vão do alívio psicológico à ganância material, a nova missão revitalizará o atrito entre as nações e testará a fraternidade, lastreada no orgulho negro, quando contraposta a estímulos materiais (Leia Mais)

2 - A Cor Púrpura | Steven Spielberg 

Georgia, 1909. Em uma pequena cidade Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de procriar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a "Mister" (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira. Grande parte da brutalidade de Mister provêm por alimentar uma forte paixão por Shug Avery (Margaret Avery), uma sensual cantora de blues. Celie fica muito solitária e compartilha sua tristeza em cartas (a única forma de manter a sanidade em um mundo onde poucos a ouvem), primeiramente com Deus e depois com a irmã Nettie (Akosua Busia), missionária na África. Mas quando Shug, aliada à forte Sofia (Oprah Winfrey), esposa de Harpo (Willard E. Pugh), filho de Mister, entram na sua vida, Celie revela seu espírito brilhante, ganhando consciência do seu valor e das possibilidades que o mundo lhe oferece.

3 - Ponto Cego | Carlos López Estrada 

O foco é retratar os absurdos da discriminação racial. O ambiente escolhido no longa de estreia de Carlos Lopez Estrada foi Oakland. Nele somos a apresentados a Collin, um negro detido que, no última ano da sua pena, pode conviver em sociedade em condicional num raio delimitado e com a obrigatoriedade de prestar serviços comunitários e não cometer transgressões (Leia Mais) 

4 - Se a Rua Beale Falasse | Barry Jenkins 

'Se a Rua Beale Falasse'  é a primeira obra do diretor Barry Jenkins depois de 'Moonlight' (2016), vencedor do Oscar de melhor filme, em 2017. Ainda é cedo para afirmar, mas ao que parece, o diretor assumirá um discurso contra o preconceito e dará prioridade à histórias de resistência em seus projetos. Baseado na obra do escritor e ativista James Baldwin (destaque há pouco mais de 1 ano no documentário 'Eu Não Sou Seu Negro'-2017), o projeto, na essência, tem muito do trabalho anterior do cineasta, mas com tintas mais variadas que comprovam a capacidade de Jenkins em se reinventar dentro de um tema semelhante. (Leia Mais)

5 - Mississipi em Chamas | Alan Parker 

Quando um grupo de trabalhadores de direitos civis desaparecem em uma cidade pequena do Mississippi, os agentes do FBI Alan Ward e Rupert Anderson são enviados para investigar. As autoridades locais se recusam a cooperar e a comunidade afro-americana tem medo de ajudar. A situação se torna cada vez mais difícil e a abordagem direta é abandonada a favor de uma mais agressiva. O filme dirigido por Allan Parker, está entre os melhores da nossa lista.

6 - Eu Não Sou Seu Negro | Raoul Peck 

Narrado pelo ator Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos. (Leia Mais)

7 - Corra | Jordan Peele 

Jordan Peele, o diretor e também roteirista, trabalhou em toda a sua carreira escrevendo e dirigindo comédias e conseguiu surpreender em um gênero completamente oposto. Ele provou que a mente de um humorista ligada ao horror atrai resultados provocantes. Peele, se mostrou também um ótimo diretor, logo no começo há um plano sequência incrivelmente estruturado que chama bastante a atenção, e tem uma ligação direta com o final da trama. (Leia Mais) 

8 - Histórias Cruzadas | Tate Taylor 

Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.

9 - No Calor da Noite | Norman Jewison

O dedo do cineasta Norman Jewison vai fundo na ferida quando confronta um oficial negro, que é autoridade em sua função, com uma unidade policial inteira que não tem nem de longe o mesmo know-how do forasteiro. Não só a entidade, como toda a comunidade racista haverá de engolir a seco sua superioridade e a cor da pele para solucionar o caso. Episódios de violência física e verbalizada são presentes na narrativa, e Poitier, na pele do detetive, exala altivez e confiança. Não temos um personagem que se deixa intimidar, muito pelo contrário, ele é quem intimida.(Leia Mais)

10 - Queen & Slim | Melina Matsoukas

O roteiro, também de uma mulher, Lena Waithe (de 'Jogador Nº 1'), evoca visões de mundo divergentes dos protagonistas , mas que se complementam: como se fosse Martin Luther King Jr e Malcolm X. A raiz altamente política do filme mais uma vez coloca na mesa o racismo e o alto índice de negros mortos sem um motivo aparente por policiais nos Estados Unidos. Engana-se quem pensa que a narrativa repetirá discursos inflamados e um filme de embate, muito pelo contrário, a história tem força sem precisar apelar para vícios do gênero. (Leia Mais)

11 - Infiltrado na Klan | Spike Lee

Corajoso, desbravador, pulsante. Spike Lee é conhecido por seus filmes que escancaram aos espectadores assuntos polêmicos de toda uma sociedade. Em 'Infiltrado na Klan', consegue se superar, muito pela relevância e importância que esse projeto, com aquele desfecho para lá de apoteótico, tem para os olhos e ouvidos que vivem pelo planeta nos dias tão complexos como os de hoje. Tendo o preconceito como plano de fundo, busca argumentar sobre todos os lados da história. (Leia Mais)

12 - Quase Deuses | Joseph Sargent 

Nashville, 1930. Vivien Thomas (Mos Def) é um hábil marceneiro, que tinha um nome feminino pois sua mãe achava que teria uma menina e, quando veio um garoto, não quis mudar o nome escolhido. Ele é demitido quando chega a Grande Depressão, pois estavam dando preferência para quem tinha uma família para sustentar. A Depressão o atinge duplamente, pois sumiram as economias de 7 anos, que ele guardou com sacrifício para fazer a faculdade de medicina, pois o banco faliu. Thomas consegue emprego de faxineiro, trabalhando para Alfred Blalock (Alan Rickman), um médico pesquisador que logo descobre que ele tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Blalock acaba se tornando o cirurgião-chefe na Universidade Johns Hopkins, onde está pesquisando novas técnicas para a cirurgia do coração. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Thomas nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico.


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Editorial: Vinícius Martins
Colaboração: Karina Massud, Sérgio Ghesti, Eduardo Machado
Textos: Rafael Yonamine, Thayná Prado, Raphael Camacho, Rogério Machado








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