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'Tel Aviv em Chamas' mostra com bom humor a rivalidade Israel-Palestina | 2020

NOTA 9.0

Por Rogério Machado


'Tel Aviv em Chamas', que passou com sucesso em grandes festivais entre 2018 e 2019, teve sua exibição no Brasil interrompida em março em função da pandemia e é possível que logo logo chegue em streming por aqui. O filme que foi o representante de Luxemburgo para a corrida do Oscar de Melhor Filme Internacional esse ano, retrata o conflito Israel-Palestina, mas não como estamos acostumados a ver. A produção sob a direção de Sameh Zoabi, é uma história dentro da outra que percorre sua narrativa com extremo bom humor e pitadas de ironia.


O filme acompanha o jovem Salam (Kais Nashif), que trabalha como assistente na produção de uma telenovela palestina e cruza o posto de controle entre as cidades de Jerusalém e Ramala diariamente para ir trabalhar. Neste posto, Salam conhece o oficial do exército israelense Assi (Yaniv Biton), que acompanha a novela ‘Tel Aviv em Chamas’ com sua mulher, Tala (Lubna Azabal) e que tem suas próprias opiniões sobre o desenrolar da trama. Para crescer profissionalmente, depois do abandono da roteirista da novela por divergências de ordem criativa, Salam começa a se apropriar das ideias de Assi, ganha a confiança da equipe da novela e vira roteirista. Mas, o final esperado pelo oficial é bem diferente do que pretendem os patrocinadores palestinos do programa e o roteirista árabe precisará encontrar uma saída de mestre para agradar os dois lados. 

A novela 'Tel Aviv em Chamas'  tem sua abertura abordando a Guerra dos Seis Dias, a mais consistente resposta árabe à fundação do Estado de Israel, que teve o estado sionista como grande vencedor. O evento ocorrido em 1967 é um marco doloroso para ambos os povos, e essa rivalidade é exposta através dos personagens de Assi, que toma conta da divisa, e Salam, que precisa da autorização de Assi não só para entrar na sua cidade como também para inserir cenas que para ele seriam as mais corretas de se ver na novela (entre elas um casamento), talvez para cumprir o ideal romântico que as expectadoras mais fervorosas esperavam, - entre as quais estava a sua esposa -, mesmo considerando alguns caminhos da narrativa antissemitas.

O filme é uma espécie de homenagem às telenovelas, das mais populares possíveis, que costumam mover o público, influenciar atitudes e até neutralizar alguns conceitos. E isso, como forma de crítica, claro, acontece em larga escala no roteiro, também de Zoabi, escrito em parceria com Dan Kleinman. O caricato tem lugar desde a abertura, passando pela trilha sonora até o mise en cène; e a maneira como a novela vista na tevê influencia a vida dos nossos protagonistas,  é suficiente para 'Tel Aviv em Chamas' se tornar uma das comédias mais inteligentes desse ano. 

Nunca uma rixa entre Palestina e Israel foi tão divertida de se acompanhar. O cinema tem mesmo suas licenças providenciais. 


Super Vale Ver !


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