'Alive': zumbis e sobrevivência na era digital | 2020
NOTA 7.5
Por Karina Massud @cinemassud
Oh Joon-woo é um gamer que mora com os pais e passa o dia conectado. Uma manhã ele acorda e descobre que tem que ficar em casa e lá sobreviver por causa de um vírus que assola sua cidade. 2020? Coronavírus? Não, nada disso! Estamos em Seul na trama de '#Alive', novo sucesso da Netflix onde o protagonista tem que enfrentar zumbis comedores de gente que assolaram a Coréia depois que um vírus se espalhou. Ficção e realidade se confundem mais do que nunca, e eu não duvido que um dia tenhamos um apocalipse zumbi, visto que os tempos loucos em que vivemos são dignos de um bom filme catástrofe.
O personagem vai se virando com a pouca comida e água que tem, mas as coisas começam a faltar, acaba a energia e o sinal da internet só pega se ele se pendurar na varanda; até que, quando está quase desistindo de viver, ele descobre a existência da garota Kim Yoo-bin no prédio em frente, e eles se ajudam material e emocionalmente pra sair daquele inferno. Mas não se iluda de achar que todos são solidários enfrentando a infestação do vírus, a grande maioria se transformou em humanos desalmados que fazem qualquer monstruosidade para sobreviver.
Drama e tensão em alto grau dão o tom ao filme, onde todos estão presos em suas casas enquanto o mundo como o conheciam desaba e as pessoas viram suas próprias inimigas. Se o isolamento enlouquecedor, a fome e a sede não as matarem, os mortos-vivos ou os demais sobreviventes irão. Os zumbis são de dar muito medo, com uma maquiagem fantástica e, ao contrário dos andantes clássicos, esses são ágeis e inteligentes pra ir em busca de suas vítimas, o que torna a fuga bem mais difícil e alucinante.
O paralelo com a quarentena que vivemos e estamos tentando sair para um “novo normal” é inevitável, passamos por fases diversas: susto com a nova vida, tédio, depressão, desespero e por fim readaptação e ressignificação de tudo. Sempre com a ajuda da tecnologia sem a qual não estaríamos conectados, nos ajudando mutuamente, trabalhando, nos divertindo e nos informando 24 horas. Já imaginaram viver essa situação em tempos analógicos? Além dessa análise do isolamento, a trama também pode ser vista como uma metáfora pro protagonista finalmente sair da casa dos pais e enfrentar os desafios e perigos do mundo em busca de sua independência, nem que seja na marra.
O gênero “filme de zumbi” sempre diverte, principalmente se sai do lugar-comum trazendo um detalhe inédito na trama, e no caso de '#Alive' temos as redes sociais agindo em prol da sobrevivência humana, além de mais um filme que engorda o bom catálogo de mortos-vivos da Netflix. Quem diria que uma boa conexão seria questão de vida ou morte, onde o Instagram poderia significar salvação.
Vale Ver !
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