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Dica Telecine : 'O Chamado da Floresta' | 2019

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Diante de uma leva considerável de filmes que fazem a junção entre animações cartunescas e figuras reais, eis que surge 'O Chamado da Floresta', filme lançado nos cinemas brasileiros em fevereiro de 2020, que traz um elenco composto por grandes nomes em seu corpo de coadjuvantes em uma história que gira ao redor de um enorme cachorro feito em CGI. O filme conta a história de Buck, um cão que é sequestrado de seu lar e precisa achar um caminho de volta - ou encontrar o seu próprio lugar no mundo, perseguindo seu lado selvagem que se personifica como um espírito da floresta na forma de um lobo preto gigante. Parece uma premissa de cinema noventista, é verdade, e talvez seja por isso que o filme soe tão familiar.


'O Chamado da Floresta' apresenta o livro épico de Jack London para uma nova geração, resgatando muitos elementos que compunham o dito "cinema família" de uns trinta anos atrás. Todavia, o filme não parece deslocado no tempo - muito embora seu formato cause estranhamento durante alguns momentos de rodagem. O que mais chama a atenção aqui é o fato de que o protagonista canino é uma animação que não tem vergonha de ser animação. Os vários milhões de dólares investidos no filme para conceber Buck são vistos em caras e bocas bastante expressivas em camadas humanas, bem ao nível dos filmes 'Scooby-Doo' dos anos 2000; esse recurso, nesse caso, é ainda mais útil porque, ao contrário do famoso cachorro da equipe Máquina de Mistério, Buck não tem falas e nem balbucia sons que possam sintetizar expressões através da entonação. O problema é que ser um recurso útil não significa que seja irretocável e nem atesta a eficiência. Para que o público saiba exatamente o que o cão quer dizer e sintam, dessa maneira, empatia com mais facilidade, existe a narrativa de Harrison Ford para dar um suporte às sutilezas não verbalizadas do cão.

O filme é um atrativo interessante para assistir numa tarde de domingo e rir com a família, mas não está livre de sofrer alguns apontamentos. É nítido que a obra seria muito mais bem recebida se fosse uma animação (e quem sabe até concorrente ao Oscar da categoria), já que o diretor Chris Sanders é experiente em filmes do gênero (tendo co-dirigido 'Lilo & Stitch', de 2002, e 'Como Treinar o Seu Dragão', de 2010). A origem temporal da narração permanece um mistério, uma vez que Harrison Ford é um personagem físico que certamente não acompanhou Buck em todos os seus momentos (levantando a indagação: "como ele sabe disso tudo se ele não estava lá?"). Assim sendo, permita-se um pouco de ignorância e aproveite o passeio sem grandes questionamentos, pois a mensagem final é válida e os filmes de cachorro… bem, quem não gosta de filmes de cachorro?



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