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'Monos, Entre o Céu e o Inferno' é uma distopia que une o ar adolescente à brutalidade guerrilheira | 2020

NOTA 8.0

Por Rafael Yonamine @cinemacrica 

'Monos' é um filme que sai do lugar comum. O gerenciamento do possível desconforto pode proporcionar uma excelente experiência. À frente da obra, o diretor Alejandro Landes propõe a sobreposição de duas premissas que demandam certa tolerância: a primeira é a realidade distópica que se desenvolve numa localidade remota no cume de montanhas forradas por vegetação. A segunda é que o processo narrativo distancia-se das motivações e aproxima-se do estudo comportamental em ambientes herméticos como esse. Assimilado isso, não será difícil enxergar o grande valor desse filme que chegou a representar a Colômbia na corrida pelo Oscar em 2019.

O contexto social delimita-se no convívio de um grupo de adolescentes liderados por uma figura atípica. O líder de estatura baixa e membros desproporcionais impõe-se por meio do discurso disciplinador. A origem da legitimidade desse exercício não é esmiuçada, segue-se a lógica de explorar o que seria o convívio de um grupo de recrutas com a identidade em formação num lugar isolado envolto na atmosfera de guerrilha. O desenho do comandante de caráter quase messiânico é acrescido por outros bons toques de originalidade. Os comandados parecem genuinamente tecer normas sociais como se não houvesse a imposição determinística de externalidades, assim desenvolvem valores, experimentações e sutilezas como apelidos particulares.

O filme não fica refém da curiosidade contextual, a competência técnica é notável. A tensão por vezes  é agraciada pelas belas paisagens capturadas de forma caprichosa. Assim como os planos noturnos fazem belos jogos de luz e penumbra. Destaca-se também a qualidade da montagem das cenas de ação que eclodem em meio a mata.

Numa roupagem de Hollywood, teria grandes chances de se tornar um clássico.


Vale Ver !




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