'Suor' é uma reflexão precisa sobre a solidão e as aparências no mundo das influenciadoras digitais | 2020
NOTA 8.5
Por Karina Massud @cinemassud
A contrário do que pensa o imaginário popular, ser uma celebridade, ter milhares de seguidores, fama e dinheiro, não são garantias de um vida feliz e plena. Sylwia é uma influenciadora digital fitness linda e famosa, que além de passar treinos incentiva seus fãs a serem felizes, saírem do sofá pra se movimentar e alcançar uma “mente sã em corpo são”. Mas nos bastidores, seu quotidiano é puxado: treinos doloridos, comer marmitinha de salada enquanto todos apreciam um banquete de lanches e shakes insossos de patrocinadores, e no final do dia ir pra cama com seu cachorro Jackson, que é seu grande companheiro.
O filme é um excelente estudo psicológico de Sylwia, interpretada brilhantemente por Magdalena Kolesnik, que se entrega de tal forma que a protagonista não tem a imagem de alguém fútil e vazia, mas sim de mais uma vítima dessa realidade virtual maluca que da mesma forma que leva ao topo pode também massacrar. Ela é vibrante em frente às câmeras, e essa alegria e motivação que contagiam seus seguidores são reais, mas quando as luzes se apagam vem a melancolia de uma vida privada que parece não ter propósito; ela tem rusgas com a mãe e o padrasto, um stalker vive estacionado em frente a sua casa, e ela se sente um produto descartável que seria esquecido num piscar de olhos.
Na trama o mundo das celebridades digitais é mostrado como uma grande ilusão cheia de filtros e inverdades, uma vida inatingível que só existe na sua timeline perfeita . A realidade é bem diferente: tem celulite, dobrinhas, fome de pizza, dias de mau humor e tristeza.
“Suor” ganhou o “selo de qualidade” do Festival de Cannes 2020 e é um dos destaques da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Um história universal e atual no primeiro grande filme sobre o lado triste e realista das pop stars digitais.
Vale Ver !
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