'Malcolm & Marie', novo filme Netfix, tem muita conversa e pouco a dizer | 2021

NOTA 5.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

A ideia de “Malcolm & Marie” parece fantástica. Uma linda estética retrô em preto e branco, atores incríveis -  Zendaya e John David Washington – que, no auge das suas carreiras, exalam elegância, talento e uma sensualidade rara de se ver nos filmes de hoje em dia. Como, então, um filme com tantas coisas boas acontecendo pode dar tão errado?

Ora, com apenas 2 personagens, todos esperavam um filme com muitos diálogos, conversas e assim ele é feito. Falar é (quase) tudo o que Malcolm e Marie fazem durante 1h46min e isso, no plano das ideias, não é um problema. A questão é quando, com uma premissa dessas, fala-se tanto com tão pouco a dizer. Assim, fica difícil tirar o filme de um tédio quase insuportável.

Malcolm (Washington), um cineasta ambicioso, e Marie (Zendaya), sua namorada, retornam para a casa depois da estreia de um filme do rapaz. O casal logo começa a discutir e aí temos o grande problema. A maioria das pessoas não gosta de ouvir as brigas dos outros, especialmente pessoas que não conhecem. Desconsiderando isso, entretanto, o diretor Sam Levinson nos expõe a longas e cansativas discussões de um casal que acabamos de conhecer, sem qualquer introdução prévia. Sem conteúdo, o filme gira em um looping de discussões vazias que parece eterno.  

O primeiro terço do longa, é verdade, tem um pouco de humor e flerta com algumas questões importantes sobre como consumimos e interpretamos a cultura, sobretudo quando Malcolm se pergunta por que ele sempre é comparado com outros cineastas negros, mas nunca com gente como um de seus ídolos, William Wyler. Felicidade que, todavia, dura pouco, porque, como todas as outras questões que levanta, o filme deixa tudo morrer na praia, sem discutir a fundo o assunto.

Numa jornada tediosa, o filme acaba, de fato, repetindo a rotina de diversos casais que, embora muito discutam, evitam as respostas das questões que levantam. Falar sério é difícil e exige um esforço o qual o filme não está disposto a empreender.

Nem Vale Ver !