A divertida despretensão de 'Monster Hunter' | 2021
NOTA 7.0
Um filme onde tudo é chocolate
Há algumas semanas, quando 'Monster Hunter' foi lançado no mercado internacional, houve uma chuva de críticas que condenavam o filme ao título de pior coisa do cinema do último ano. Fui à sessão esperando a pior bomba possível, preparado espiritualmente para massacrar o filme em concordância com os comentários que vi sobre ele, e… para a minha imensa surpresa, a produção me divertiu. Claro, não estamos diante de nenhum marco da história do cinema - nem de longe -, contudo, ele cumpre com algumas graças seu papel de entretenimento escapista à cruel realidade contemporânea. É um filme pipoca que não tem vergonha de ser o que é, e como tal ele se sai agradavelmente bem. Não espere por camadas, tramas profundas ou personagens bem desenvolvidos ao ponto de surpreenderem o público ou no mínimo meramente provocar alguma empatia; desde o começo fica nítido que alguns personagens secundários só estão alí para morrer mesmo, então só o que resta é embarcar na viagem proposta por Paul W. S. Anderson e deixar de lado toda e qualquer esperança de complexidade.
O filme é bem simples, na verdade. Temos a oficial que cai em um mundo paralelo, temos um nativo que não fala sua língua, temos a torre negra do Stephen King (não exatamente, mas lembra muito), e temos uns bichão sinistros. No entanto, mesmo sabendo de sua simplicidade, o longa se esforça constantemente para soar épico. A protagonista vivida por Milla Jovovich tem um momento de discurso motivacional, existe uma batalha grandiosa no terceiro ato e, por fim, o filme se fecha em uma cena digna da megalomania desconjuntada do diretor. Nesse aspecto, o desfecho é aberto a uma sequência quanto o outro filme de Anderson lançado nos cinemas em 2011, 'Os Três Mosqueteiros'; se ela virá só o tempo poderá dizer. Ao contrário dos lamentáveis últimos filmes da franquia 'Resident Evil', onde Anderson criou episódios similares a fases de videogame e entregou obras bagunçadas fora da estrutura cinematográfica convencional, aqui ele parece saber para onde quer levar a sua história e não se gasta tanto em subtramas que não levam a lugar nenhum. 'Monster Hunter' também é uma adaptação de videogame, mas sua estrutura é ao menos coerente em si mesma.
Com as feras bestiais criadas pelo departamento de CGI e o estilo peculiar de filmar de Anderson (que aqui se aproxima um bocado do estilo de Michael Bay), 'Monster Hunter' tem seu mérito por se dar com uma alternativa de apelo popular para levar público ao cinema. Seja em carros que capotam com o elenco se estrebuchando em câmera lenta ou personagens que param em poses contemplativas no alto de uma pedra no deserto (como se soubesse que estava sendo filmado), o novo filme de monstros do cinema tem sim potencial para vingar uma franquia. Então se você quiser algo que não force muito o cérebro e nem exija uma atenção excessiva para efetivar a compreensão, assista 'Monster Hunter' numa telona e se divirta como eu me diverti.
Vale Ver!
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