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'Cruella' e a boa mistura de alta costura, punk rock e vingança | 2021


NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

Se há um personagem eternizado nas incursões em live action da Disney, esse personagem é sem dúvida alguma a Cruella De Vil na pele da também eterna Glenn Close. A atriz encarnou a temível vilã em '101 Dálmatas' (1996) e na sequência, '102 Dálmatas' (2000), e se estabeleceu como uma das mais marcantes interpretações inspiradas em uma animação, que foi vista pela primeira vez em 1961. A atriz inclusive pediu para usar algumas das falas da animação, pois ela  realmente fala coisas terríveis. 

Agora é a hora e a vez de Emma Stone criar sua própria versão de Cruella De Vil, e não faz feio. A pegada sombria da personagem perde a nuance caricata e expansiva (na roupagem de Close), e ganha um ar gótico, que se encaixa com o olhar perdido que Stone empresta para sua composição de Cruella. Claro que o figurino aqui também é responsável por essa nova Cruella, mas ele vai muito além de marcar a presença e as caraterísticas da personagem. O figurino acaba se tornando um terceiro personagem, quase que protagonizando algumas das ações dessa nova garota má, para potencializar ainda mais a rivalidade com sua antagonista, a Baronesa Von Hellman, cuja performance de outra Emma - a Thompson -, rouba a cena com larga vantagem. 


Ambientado na Londres dos anos 70 em meio à revolução do punk rock, a trama acompanha uma jovem vigarista chamada Estella (Stone). Inteligente, criativa e determinada a fazer um nome para si através na alta costura pelo seu próprio talento, ela acaba chamando a atenção da Baronesa (Thompson), uma lenda fashion que é  excepcionalmente chique, arrogante e assustadora ao mesmo tempo. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações do passado que farão com que Estella abrace de vez seu instinto rebelde e se torne a Cruella, uma pessoa tão elegante quanto  má, e principalmente, voltada para a vingança. 

O  cineasta Graig Gillespie ('A Garota Ideal' - 2007 e  'Eu, Tonya' - 2017), tem a difícil tarefa de fazer reviver um personagem clássico e ainda por cima contextualizar para o nosso tempo, e o faz com maestria. O apelo gótico misturado ao universo da moda entrega um visual que é tão atraente aos olhos quanto a história criada para nos apresentar o passado da famosa vilã Disney. 

Ainda que recaia em diversos clichês para unir os pontos de passado e presente, para nos levar à Cruella De Vil que todos nós conhecemos muito bem, o longa se redimi por ousar com uma liberdade poucas vezes vista em filmes Disney. Desde o design de produção até a fotografia, passando pela super trilha sonora com nomes como Rolling Stones, The Doors e Blondie, o longa é daqueles eventos que não vemos acontecer com frequência. A coragem do realizador de fato salta aos olhos. 

'Cruella' está em cartaz nos cinemas e em seguida poderá ser alugado pelo Premier Access no Disney Plus. Para quem não quer gastar com o aluguel, o acesso deve ser liberado aos demais assinantes em 16 de julho. 


Vale Ver!



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