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'Memórias de Um Amor ' e os efeitos de uma pandemia.... de perda da memória | 2020

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

'Meu Pai', filme que deu o segundo Oscar à Anthony Hopkins em 2021, nos mostrou, em uma montagem criativa, como a perda da memória pode afetar nosso relacionamento com os outros e a vida de todos ao redor. Muito embora exista semelhança  nos efeitos causados pelo esquecimento, 'Memórias de Um Amor' tem uma construção totalmente diferente do indicado ao Oscar esse ano.  O filme, que está disponível em diversas plataformas digitais, é um drama romântico - e muito original - que merece a atenção do grande público. 


A abertura da história tem passagens  intrigantes: entre tantas sequências curiosas, um motorista de ônibus freia e sai andando pela estrada, deixando seus passageiros para trás. Esse é só um dos episódios (aparentemente aleatórios) que aguçam nossa curiosidade acerca da narrativa. Imagine você acordar em um mundo onde uma pandemia estourou, que ataca sem razão, e faz com que suas vítimas percam suas memórias. Este é o mundo em que os recém-casados Emma (Olivia Cooke) e Jude (Jack O’Connell) se encontram, não muito depois de se conhecerem e se apaixonarem. Quando Jude contrai a doença da perda de memória, Emma terá que se esforçar para manter seu amor lembrando de quem ele é, e também o que ela representa pra ele. 

Sob a direção de Chad Hartigan, o filme  deixa sua marca diferenciada pela edição, que aposta não só no visual como também  no sensorial (as telas divididas em algumas sequências nos mostram isso), numa narrativa não linear, e também pela pegada pop. Essa leitura envolvente, porém, não tira de 'Little Fish' - título original, e aliás, muito melhor que o título nacional - a sensação de urgência e ansiedade que a doença causa nos personagens centrais da trama. Uma técnica descoberta em pesquisas médicas aponta uma solução, só que nem todos poderiam ser submetidos à ela, havia um limite de pessoas por etapa para que os médicos dessem conta de acompanhar os resultados. 

Inevitável não fazer um paralelo com a realidade mundial do momento. A diferença é que em 'Memórias de Um Amor'. a pandemia do esquecimento não tira a pessoa do convívio daqueles que a amam por completo, elas vão se esquecendo e sendo esquecidas aos poucos, mas vivas em uma vida sem  sentido  e sem  lembranças. Se nós somos a nossa memória, que sentido há em continuar existindo?  O longa de Hartigan é sensível e provoca interrogações que se perpetuarão muito depois dos créditos subirem. 



Vale Ver!






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