'Memórias de Um Amor ' e os efeitos de uma pandemia.... de perda da memória | 2020
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
'Meu Pai', filme que deu o segundo Oscar à Anthony Hopkins em 2021, nos mostrou, em uma montagem criativa, como a perda da memória pode afetar nosso relacionamento com os outros e a vida de todos ao redor. Muito embora exista semelhança nos efeitos causados pelo esquecimento, 'Memórias de Um Amor' tem uma construção totalmente diferente do indicado ao Oscar esse ano. O filme, que está disponível em diversas plataformas digitais, é um drama romântico - e muito original - que merece a atenção do grande público.
Sob a direção de Chad Hartigan, o filme deixa sua marca diferenciada pela edição, que aposta não só no visual como também no sensorial (as telas divididas em algumas sequências nos mostram isso), numa narrativa não linear, e também pela pegada pop. Essa leitura envolvente, porém, não tira de 'Little Fish' - título original, e aliás, muito melhor que o título nacional - a sensação de urgência e ansiedade que a doença causa nos personagens centrais da trama. Uma técnica descoberta em pesquisas médicas aponta uma solução, só que nem todos poderiam ser submetidos à ela, havia um limite de pessoas por etapa para que os médicos dessem conta de acompanhar os resultados.
Inevitável não fazer um paralelo com a realidade mundial do momento. A diferença é que em 'Memórias de Um Amor'. a pandemia do esquecimento não tira a pessoa do convívio daqueles que a amam por completo, elas vão se esquecendo e sendo esquecidas aos poucos, mas vivas em uma vida sem sentido e sem lembranças. Se nós somos a nossa memória, que sentido há em continuar existindo? O longa de Hartigan é sensível e provoca interrogações que se perpetuarão muito depois dos créditos subirem.
Vale Ver!
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