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'Milagre Azul' – quando a esperança e a terapia vêm do mar | 2021

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud 

Baseado numa história real, “Milagre Azul”, nova produção da Netflix apresentada erroneamente como o novo “Milagre na Cela Sete”, narra a incrível trajetória da Casa Hogar, um orfanato no México que está afundado em dívidas, e para salvá-lo seu mantenedor Papa Omar se inscreve com as crianças no campeonato de pesca Bisbee's Black and Blue, pois o dinheiro do prêmio seria capaz de fazer isso. E junto do premiado, mas também rabugento Capitão Wade, (o tarimbado Dennis Quaid) eles irão enfrentar três dias em alto mar a fim de pescar o maior marlim-azul.

“Milagre Azul” tem muitas semelhanças e nos remete imediatamente a um dos maiores clássicos da literatura mundial, “O Velho e o Mar” do escritor Ernest Hemingway, cuja narrativa é centrada no velho pescador Santiago, que depois de muitos dias sem pegar nada e incentivado por um jovem companheiro, pesca um marlim gigantesco, mas quando chega na costa, percebe  que o peixe foi devorado no caminho e só sobrou sua carcaça. O jovem inspirando o mais experiente a alcançar uma realização num percurso com percalços, dor física e mental. O peixe é uma alegoria da dificuldade de alcançar o grande prêmio almejado e de ter o devido reconhecimento e sucesso.

Papa Omar enfrenta vários dilemas éticos, sendo constantemente cercado de propostas para sair do caminho da retidão e voltar para o da malandragem, para assim conseguir dinheiro fácil e salvar o orfanato. O trajeto do barco de pesca no belíssimo mar de nuances azuis do Cabo San Lucas serve como sessão de terapia pra todos, tanto pro capitão cheio de questões familiares pendentes, assim como pros órfãos  e  seu tutor, que foram parar nas ruas por abusos diversos; cada qual tem sua cicatriz, uma de um peixe espada e outra do canivete do padrasto, cada qual com o seu peso e sofrimento. Os órfãos dão uma chacoalhada na vida do Capitão Wade e vice-versa; eles conversam, refletem e exorcizam seus fantasmas durante a convivência no concurso de pesca. 

Com amor e paciência é possível superar o passado, mesmo que ele pareça uma muralha intransponível. O caminho da honestidade pode parecer mais difícil, mas no final é o mais recompensador quando se deita com a consciência tranquila por ter sido feita a escolha correta.  Essas mensagens edificantes são passadas na trama de forma leve, sem moralismo ou pregação chata. “Milagre Azul” é uma história de esperança e resiliência contada não como um drama piegas, mas como um “feel good movie” simples e bonito que agradará a todos.


Vale Ver!




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