'Vozes e Vultos' : terror sobrenatural com Amanda Seyfreid mistura espíritos e crise conjugal | 2021
NOTA 6.0
Por Karina Massud @cinemassud
Tudo começa muito bem como um filme básico do gênero “terror sobrenatural” : família muda pro interior para uma casa assombrada por espíritos em busca de vingança, em meio a uma crise conjugal e problemas de adaptação na comunidade. “Vozes e Vultos”, thriller da Netflix baseado no romance “All Things Cease to Appear” de Elizabeth Brundage, tem essa premissa que invariavelmente funciona, mas prometeu muito e não entregou quase nada para o espectador.
O filme é ambientado nos anos 80, George (James Norton) e Catherine (Amanda Seyfried) se mudam de NY pro interior pra ele dar aulas numa universidade local, mas a casa de campo que eles compraram é muito sinistra e fenômenos estranhos começam a acontecer juntamente com desavenças conjugais e segredos sombrios que vêm à tona em efeito dominó. O roteiro se torna desgovernado na segunda metade da trama, atirando pra todos os lados sem qualquer direção: assassinatos, violência doméstica, bulimia, traições conjugais, mentiras e mais mentiras, mesa redonda, objetos que voam e aparições fantasmagóricas toscas. Sim caro leitor, essa é a sopa indigesta que temos que engolir, com mil subtramas não conectadas e não resolvidas que nos deixam com um ponto de interrogação gigante na cabeça. Vi que muitos sites sobre cinema estão publicando a explicação pro desfecho enigmático, textos dos quais eu fugi pois o final não tem um grande segredo revelado ou um plot twist sensacional... ele é apenas ruim mesmo.
Um aspecto digno de nota em relação ao roteiro é a questão da violência doméstica e do feminicídio que acometem famílias de diferentes classes sociais e que carregam um fardo pesado de sofrimento e humilhação. George é o retrato do bom moço carismático e acima de qualquer suspeita que pauta sua vida em mentiras, faz sua mulher de refém moral e a agride verbal e fisicamente. Ele é tóxico, abusivo e manipulador, e como tal taxa mulheres de “loucas” quando essas atrapalham seus objetivos. O instinto violento fala mais alto e as aparências que ele lutava para manter escapam de suas mãos. Uma vez agressor sempre agressor.
Outro ponto importante da trama é a sororidade, o apoio entre mulheres que, unindo suas forças, conseguem superar o medo de denunciar seus abusadores. Um alerta sempre válido para mulheres que sofrem qualquer tipo de violência física ou tortura psicológica - você não deve se sentir culpada ou envergonhada de nada.
“Vozes e Vultos” tem uma boa história desperdiçada com elementos excessivos na narrativa além da péssima direção. Mais um caso lamentável de produção da Netflix que decepciona... sobra marketing e falta qualidade.
Vale Ver Mas Nem Tanto!
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