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'4 x 100 - Correndo por um Sonho' evoca o sonho olímpico em Tóquio | 2021

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 

A lógica é simples.  No revezamento 4x100 só precisa de um pra perder, mas é necessário quatro pra ganhar. Por entre as falas do treinador da equipe brasileira de atletismo feminino, essa acaba surtindo muito efeito quando esse mesmo treinador está na missão de 'catequisar' uma promissora atleta que acabou de integrar à equipe. '4 x 100 - Correndo por um Sonho', que acaba de entrar no circuito, chega a poucos dias desse grande evento esportivo adiado por conta da pandemia - o longa, também adiado, chega a tempo para aquecer e resgatar o espírito olímpico brasileiro. 


Uma derrota na final Olímpica do revezamento 4×100 marca para sempre as vidas de Adriana (Thalita Carauta), Maria Lúcia (Fernanda de Freitas), Jaciara (Cintia Rosa) e Rita (Roberta Alonso). Quase quatro  anos depois, Maria Lúcia, a responsável pela eliminação, segue brilhando no atletismo e nas campanhas publicitárias, enquanto Adriana que trabalhou duro na competição, vive frustrada, ganhando trocados com  pequenas lutas de MMA. Em 2020 elas tem uma nova chance de reescrever essa história nas Olimpíadas de Tóquio. Dessa vez com reforço extra, Sofia (Priscilla Steinman), elas terão que vencer os fantasmas do passado e rixas internas para seguir em frente, sobretudo Adriana e Maria Lúcia, as mais afetadas com a derrota. Será que essa dupla conseguirá deixar suas desavenças de lado pelo grupo, e provar que o atletismo feminino segue firme na conquista de Tóquio? 

Sob a direção de Tomás Portella, o longa já sai na frente por abordar  um assunto inédito dentre o cardápio de temas propostos dentro da cinematografia brasileira. Raramente falamos de esportes e superação no nosso cinema, temática essa que sempre habita em produções americanas e europeias. E como não poderia deixar de ser, os subtemas pulverizados ao longo do filme conversam de perto com a realidade de um país que não investe como deveria no esporte. E no meio dos dramas pessoais - o doping, o machismo, o sexismo -  em sequências e afirmações curtas mas com representação considerável para que a mensagem chegue ao público. 

O famoso traço clichê reside na disputa pessoal entre as protagonistas e o traspor do maior obstáculo da vida delas: o perdão. Se apegando à esse mote, a narrativa explora diversas sequências que culminam em uma competitividade insana nos muitos treinos que antecedem as Olimpíadas. Felizmente, em meio à isso, as sequências que nos remetem ao dia a dia de um atleta de alto rendimento, impressionam pela qualidade técnica. Sobretudo nas tomadas finais, quando as cenas emulam a euforia e o frisson desse evento icônico,  onde o famoso recurso chroma key fica mais evidente. Não se sai bem cem por cento, mas ainda sim convence. 

Ao abordar uma história de ficção com base num fato ocorrido num mundial de atletismo, a produção é feliz ao tratar com respeito a presença feminina no esporte brasileiro. As homenagens ao subir dos créditos a atletas como a lendária nadadora Maria Lenk, entre outras grandes estrelas do nosso esporte, conclui a obra de Portella em alto nível, que pode até não se tornar uma produção que será lembrada como um grande exemplar dentro do seu nicho, mas que inaugura um subgênero que todos gostaríamos de ver mais por aqui. 


Vale Ver!



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