Em 'Riders of Justice' Mads Mikkelsen busca vingança e explicação pra uma tragédia familiar
NOTA 8.5
Por Karina Massud @cinemassud
A “Teoria do Caos” está presente em quase tudo o que nos cerca, segundo ela, uma pequena mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências imensas e totalmente desconhecidas no futuro. Por isso tais eventos seriam imprevisíveis, ou seja, caóticos, não seguem lógica e alteram vidas de forma drástica. Você planeja, planeja, planeja...vem a vida e muda tudo de uma hora para outra, nos obrigando a ressignificar e seguir um plano B. Em “Riders of Justice”, uma bicicleta vermelha, o presente de Natal de uma garota na Estônia, causa uma sequência de eventos que levam a uma grande reviravolta na vida da família de Markus.
Mads Mikkelsen é um dos melhores e mais versáteis atores da atualidade, ele transita por todos os gêneros com o mesmo brilhantismo: como vítima de fofocas em “A Caça” (2012); arqui-vilão da Marvel em “Doutor Estranho” (2016); o serial killer canibal na série “Hannibal” e até comédias inteligentes como “Druk – Mais uma Rodada” (2020). Em “Riders of Justice”, sua quinta e bem sucedida colaboração com o diretor Anders Thomas Jensen, ele é Markus, um soldado em missão no Afeganistão que tem que voltar pra casa depois da morte trágica da esposa. Usando uma barba enorme, cabeça raspada e roupa militar, ele é um homem emocionalmente desprovido de empatia, que faz questão de ser frio e de não acreditar em nada que não seja palpável ou visível - Deus não existe, é bobagem apelar para ele.
A explosão no metrô que matou sua mulher e deixou sua filha traumatizada pareciam obra do acaso, mas quando ele conhece o matemático Otto as coisas mudam de figura. Otto tem certeza que foi um atentado milimetricamente planejado para matar uma testemunha de um caso contra o grupo criminoso Riders of Justice. Markus, Otto e outros experts em matemática e informática então se juntam para desvendar o atentado e partir pra vingança, dando à narrativa contornos de caçada insana e muito humor negro. A trama é bruta e violenta com boas lutas e tiroteios, e engraçada nos momentos do grupo vingador que tem sérias disfunções sociais. A paternidade também é colocada em pauta nas tentativas desajeitadas de Markus em se reconectar com a filha, uma relação difícil entre duas pessoas quase estranhas entre si. Esses elementos tão díspares se amoldam na trama que fisga com ação, diversão e filosofia.
É até louvável tentar achar explicação nos acasos que o Universo nos traz, porém na maioria das vezes é uma missão infrutífera. Muita coisa acontece porque simplesmente tinha que acontecer, e não porque se está pagando uma dívida ou recebendo uma recompensa. Lembra da “Teoria do Caos” citada no início desse texto? Pois bem, contra ela ninguém pode.
Vale Ver!
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