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'O Bom Doutor': comédia baseada em fatos é cartilha do que não fazer no exercício da medicina | 2021

NOTA 7.0

Por Rogério Machado 

Não. Esta não é aquela famosa série sobre um médico altista estrelada pelo talentoso Freddie Highmore.  'O Bom Doutor', que chega essa semana aos cinemas com a distribuição da Pandora Filmes, é uma comédia francesa que só teve a infelicidade de ganhar por aqui um título genérico que em nada traduz o que o original entrega. 'Docteur?' (Doutor?, em tradução literal) carrega a alma da história sob a direção de Tristan Séguéla.

É véspera de Natal em Paris e Dr. Serge é o único médico de plantão naquela noite. Com as costas travadas e tomando tragos de uísque o tempo inteiro, Serge está quase tão mal quanto os pacientes que ele atende em domicílio. As chamadas de emergência não param em seu rádio, até que o carro de Serge cruza com a bicicleta de Malek, um carismático entregador de comida. O encontro acidental faz com que o médico tenha uma ideia salvadora: enviar o jovem em seu lugar para atender os pacientes. Para nada dar errado, basta Malek seguir à risca as instruções que recebe remotamente de Serge. Se o áudio dos fones não falhar, todos terão um natal sob controle e com saúde.

O cinema francês tem grandes exemplos que aliam comicidade e mensagens profundas, que em geral acabam se fundindo de maneira harmônica enquanto geram identificação com o público. É certo que o maior exemplo da francofonia quando pensamos em algo parecido atende pelo nome de 'Intocáveis' (2011) que uniu com sensibilidade o humor  ao drama. Aqui, a tentativa de emular essas variações de nuances, nem de longe repete o feito do filme de Olivier Nakache e Éric Toledano, mas em contrapartida, em 'O Bom Doutor' temos dois competentes protagonistas que conseguem conquistar nossa atenção.

Há uma inversão de papéis que faz com que ambos levantem questionamentos sobre como levam suas próprias vidas e o que podem fazer para mudá-las. Serge tinha vivência mas lhe faltava inspiração e renovo, já Malek carecia de maturidade e ambição. A química nessa troca é realmente o que o filme tem de melhor.  

Como vivemos na era do politicamente correto, o aviso na abertura pode se fazer necessário: 'essa história é baseada em fatos, mas os autores afirmam que confiam plenamente no exercício da medicina.' Os disparates protagonizados pela dupla são passíveis de sansões drásticas que na realidade não sabemos se  foram aplicadas ou não, o que nem vem ao caso -  afinal, no cinema quanto mais inacreditável melhor, e por conta disso será impossível não se envolver com essa inusitada e divertida troca de vivências.  


Vale Ver!



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