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'Rocks' e sua narrativa do desafeto, filme que ganhou visibilidade no BAFTA | 2021

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

Entre os candidatos a melhor filme britânico no BAFTA - o Oscar do cinema inglês- aparecia 'Rocks', um filme que foi subindo seus degraus à partir de diversos festivais de cinema renomados, como o de Toronto e San Sebastian. Se lá fora o filme sofreu com o calendário de lançamentos em meio à pandemia, aqui no Brasil não seria diferente - o longa que ainda navega entre o limbo da distribuição e o público - muito provavelmente não deve chegar às salas por aqui. Uma pena, já que se trata de uma obra com algo a dizer. 


Na história conheceremos a jamaicana Shola (Bukky Bakray). Mais conhecida como Rocks, ela é uma adolescente com grandes sonhos para o futuro. Ela tem amigos fiéis  e um espevitado  irmão mais novo, Emmanuel (D'angelou Osei Kissiedu).  Da noite para o dia,  o mundo de Rocks vira de cabeça para baixo quando ela chega da escola e descobre que sua mãe foi embora, deixando um pouco de dinheiro e um bilhete. Sendo a única pessoa que restou para cuidar de seu irmão, Rocks deixa a casa que vivia e passa a se esconder do conselho tutelar  em East London.

Sob a direção de Sarah Gavron ('As Sufragistas' -2015), a produção tem mérito principalmente por se equilibrar muito bem entre dois mundos distintos: um drama delicado  e àquelas temáticas de cunho social, que retratam a realidade local em uma profusão de cores e sons que dão um certo tom solar à narrativa, muito embora esteja discursando um assunto sério. A sensibilidade de Gavron em encontrar esse diapasão é notável. 

A mensagem é clara: 'Rocks', cujo título se refere ao apelido da protagonista , que segundo os amigos é porque ela é forte como uma rocha, nos diz sobre as peças que a vida nos prega, sobre ter que crescer antes do tempo e assumir responsabilidades que são geralmente cumpridas por adultos. Entra em ação a boa performance da estreante Bukky Bakray, que junto com outras jovens atrizes tornam a transposição dessa história para as telas tão orgânica e funcional, que é como se estivéssemos acompanhando um documentário. 

É fácil observar  o retrato de uma Inglaterra que abraça as diferenças. Dentre as amigas de Rocks, - uma afrodescendente de origem jamaicana -, temos uma família muçulmana que vive de forma abastada e bem estabelecida no país; além de uma outra amiga de origem sueca, e por aí vai.... essa é uma característica  impossível de não ser notada; em uma espécie  Torre de Babel do bem, onde (quase) todos sabem que são privilegiados por viverem em um país livre e diverso. 


Vale Ver!



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