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Com grande atuação de Nicolas Cage, 'Pig' entrega uma trama minimalista e instigante | 2021

NOTA 10

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Co-escrito e dirigido pelo estreante Michael Sarnoski, 'Pig' conta a história de Rob (Nicolas Cage), um coletor de trufas que vive isolado com sua porca em uma floresta no estado do Oregon. Após ter a propriedade invadida e sua porca sequestrada, ele segue em uma jornada de resgate que o levará a encarar antigos traumas e reajustar contas com seu passado.

Ao contrário do que o título faz parecer, a premissa nada tem a ver com uma porca, mas sim com o desenvolvimento de um drama minimalista que explora o psicológico de seus personagens, em especial de Rob, cuja vida pregressa e as consequências dos atos de seu passado determinam seu comportamento e servem como fio condutor narrativo. Com muita ênfase em expressões faciais e diálogos econômicos que muito pouco ou nada explicitam sentimentos e motivações, o drama opta pelo caminho da introspecção, o que não torna a experiência restritiva uma vez que o vínculo emocional é estabelecido desde os primeiros minutos, seja do Rob com sua porca como com qualquer outro indivíduo.

Apesar do engajamento emocional ter impacto desde seu início, a estrutura de argumentação exige tempo, pois, até sua segunda metade o filme não deixa claro para onde está indo, reajustando rotas aqui e ali, sempre saindo do lugar-comum e se afastando da trama típica de vingança que até mesmo a sinopse faz parecer. Essa subversão também esta presente em recursos comuns do gênero, como o uso da violência, que longe de explorar a fisicalidade, tem seu uso de forma dramática e por vezes subjetiva.

Com enquadramentos que variam de um contemplativo plano geral a uma câmera na mão que potencializa momentos mais intensos, a cinematografia destaca a beleza natural de suas locações, em especial das externas, com texturas que enfatizam o outono daquela região, estação que muito se conecta com a premissa. Para as internas é utilizada uma paleta de cores mais sóbria, o que também faz sentido já que são locais dedicados a interações sutis e com o uso de planos mais fechados.

Mas nenhum dos argumentos até aqui colocados teriam relevância ou o devido peso se não considerarmos a interpretação de Nicolas Cage, que de maneira surpreendente nos oferece uma das melhores de 2021. Do auge de sua carreira nos anos 90 ao ostracismo das últimas duas décadas, Cage aparece sem qualquer traço de exagero que lhe é característico, numa entrega poucas vezes vista em sua trajetória, talvez devido a uma identificação com o arco de seu personagem, que muito se confunde com sua própria. Descartando qualquer interpretação de seus motivos, é fato que sua performance destoa de todo seu passado recente. Se estamos presenciando o ressurgimento de um astro só o futuro irá dizer, mas todos os anos o cinema nos oferece surpresas e esse ano essa surpresa tem nome, sobrenome e um grande talento. Bem-vindo de volta, Cage.


Super Vale Ver!



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