'O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface' - Sequência do clássico de 74 é genérica e vítima de si mesma | 2022
NOTA 5.0
Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica
O horror sempre esteve presente na história do cinema e estando na gênese da sétima arte, possui muitos desdobramentos, incontáveis subgêneros e, dado o baixo orçamento da maioria, se revelaram extremamente lucrativos. Derivado dos “Giallos” italianos, nenhum outro capturou tanto o imaginário popular quanto o Slasher. Figuras como Jason, Michael Myers, Ghostface, Freddy e Chucky, transcenderam as obras e tem suas imagens reconhecidas no mundo inteiro, mesmo para aqueles que nunca assistiram. Embora tenha seu auge nas décadas de 80 e 90, a principal inspiração veio nos anos 70, com o primeiro 'Massacre da Serra Elétrica', escrito, dirigido e produzido por Tobe Hooper, para muitos considerado o pai do Slasher. Após quase 20 anos tentando revitalizar a fórmula, novas investidas têm se intensificado graças ao razoável sucesso de 'Halloween Kills' em 2018, e era só questão de tempo para o icônico Leatherface dar as caras novamente.
Com distribuição da Netflix, “O Retorno de Leatherface” descarta todas as continuações anteriores e se passa 50 anos após os acontecimentos de 74. Dirigido por David Blue Garcia, a trama acompanha um grupo de jovens que tentam dar vida a uma cidade fantasma no estado do Texas, mas após cometerem um grave erro, despertam a ira de Leathearface.
A noção dominante de que o terror era um mero entretenimento escapista, não podendo servir de instrumento de crítica social se desconstruiu com os anos e contou com esforços de grandes diretores como Spielberg em 'Tubarão', Kubrick com 'O Iluminado', obras recentes como 'Corra' de Jordan Pelle e até mesmo a versão original de 'O Massacre da Serra Elétrica', ao abordar uma família de canibais que trabalhavam em um matadouro e tem sua mão de obra substituída pelo processo de automatização. A nova entrada na franquia tenta beber dessas fontes ao tocar em temas como a cultura do cancelamento, controle de armas e a idealização do jovem como tábua de salvação, tão preocupado com humanidade quanto indiferente ao indivíduo. Porém, nada é aprofundado ou aberto para discussão, e o que prevalece com a superficialidade é o sentimento de banalidade e perda de tempo.
Em parte, essa dificuldade de engajamento vem de um roteiro que abusa dos flashbacks desnecessários, "Jumpscares" telegrafados, diálogos expositivos. Se o terror é marcado por ações estúpidas de seus personagens, aqui eles chegam a um nível capaz de arrancar gargalhadas. O elenco carece de carisma e mesmo a talentosa Elsie Fischer, do ótimo 'Oitava Série', tem pouco a acrescentar. Menos bem-sucedida ainda foi a tentativa de reinserir a protagonista Sally Hardesty, uma vez primeira “final girl”, agora rebaixada a uma versão genérica e mal feita de Laurie Strode.
Apesar do conceito de cidade abandonada ser subaproveitada, com cenas internas limitadas a duas casas, a fotografia se sai bem com enquadramentos inventivos e planos detalhe que valorizam o gore e o banho de sangue, outra característica bastante presente nos novos longas desse tipo. Contudo, não é suficiente já que é preciso levar em consideração que esse novo filme carrega o legado do precursor de muito do que é repetido a exaustão até hoje, de modo que a luz de sua origem, é apenas um derivado pouco inspirado, cujo ponto alto fica por conta da sensação de alívio com a chegada dos créditos finais.
Nem Vale Ver!
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