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'Me Tira da Mira' destaca o poder feminino em profissões onde homens tem maior visibilidade | 2022

NOTA 6.0

Por Rogério Machado 

'Me Tira da Mira', o segundo filme do cineasta Hsu Chien em menos de um ano e em tempos pandêmicos, poderia atingir a cada expectador das mais variadas maneiras: alguns poderiam encarar que se trata somente de uma comédia despretensiosa, outras sentirão que estão diante de um besteirol que atira para todos os lados e aproveita o momento para críticas  - muito discretas por sinal - do nosso atual governo, mas eu prefiro pensar que a razão de existir da produção mora num lugar onde mulheres têm plena capacidade de assumir com maestria papéis encarados por homens, a ainda por cima se sair muito melhor do que eles. Ainda que não seja uma ideia nova, reforçar o discurso nunca é demais em um mundo machista e preconceituoso. 


Na trama Cléo é Roberta, uma séria e dedicada policial que não vai sossegar enquanto não desvendar os mistérios por trás da morte da atriz Antuérpia Fox (Vera Fischer). Com a ajuda inusitada de sua terapeuta, Isabela (Bruna Ciocca), com quem 'acidentalmente' acaba formando uma dupla, ela se infiltra na Clínica Bianchini de Realinhamento Energético em busca de respostas - a dona da clínica, Angela Bianchini (Cris Viana) desenvolveu uma droga que causa bem estar e felicidade, mas que pode ser ao mesmo tempo muito perigosa se mal administrada. Rodeada de funcionários suspeitos, como a recepcionista Amanda Jéssica (Viih Tube), e de clientes excêntricos, como a atriz “cancelada” Natasha Ferreiro (Júlia Rabello), ela poderá vir a descobrir que pode estar na mira de um esquema ainda maior.

No meio de toda essa confusão está um traficante (Silvero Pereira), falando um portunhol desengonçado que está na missão de comprar a fórmula da bianquina, que claramente faz alusão à polêmica cloroquina, 'receitada' pelo presidente desse país como forma de combate à Covid-19. Só por essa discreta e irreverente crítica, o longa de Hsu Chein já angaria uns pontos a mais.  Contudo, em 'Me Tira da Mira', os fins não justificam os meios, muito pelo contrário, os fins são prejudicados pelos eles - os caminhos para se chegar a ação ou mesmo propor as viradas na trama são frágeis e sem impacto. 

Ainda que tenha uma protagonista que compra a história de sua personagem e cumpre sua trajetória com grande carisma levando o filme todo nas costas, o longa é prejudicado pela farofa produzida por um elenco numeroso, com piadas que soam mais constrangedoras que engraçadas - como as que o veterano Fábio Jr faz usando o título de suas famosas canções. 

'Me Tira da Mira', ainda que sofra com um humor forçado e sequências mal pensadas que culminam em resoluções bem aquém do que prometem,  ao menos não cai na monotonia e promove diversão, assim como o mote do empoderamento feminino encabeçado por Cléo, que exalta a habilidade da mulher em diversos seguimentos. Aqui, seja representada por mulheres perigosas, engraçadas ou mesmo em estado de destempero, elas dominam a narrativa e mostram que lugar de mulher é onde ela quiser. 



Vale Ver Mas Nem Tanto!



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