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'The Batman' traz a versão mais sombria e torturada do herói | 2022 - CRÍTICA 2

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 

O tão aguardado novo filme do Batman gerou expectativas altíssimas e conseguiu superá-las. “The Batman” é um filmaço noir, que volta às raízes e surpreende até os críticos mais rigorosos.

A trama é basicamente investigativa, o prefeito de Gotham City foi assassinado e Batman, junto do Comissário Gordon e da Mulher Gato, vai investigar o assassinato,  surgindo dali uma rede de corrupção sem fim através de descobertas guiadas por enigmas do Charada. A narrativa de três horas não é diversão, é aflição no seu estado mais puro, mas prende a cada minuto pelos crimes e tentativas de descobrir a identidade do vilão nos cantos da Gotham sempre chuvosa e muito degradada.

A escolha do elenco foi acertadíssima: Robert Pattinson, que foi muito criticado quando anunciado como novo Batman, vai calar a boca de muitos, pois vem melhorando a cada trabalho, desde “O Farol” (2019) , “À Espera dos Bárbaros” e “O Diabo de Cada Dia” (ambos de 2020). Sua performance como Batman é brilhante, ele se entrega de corpo, alma e maxilar quadrado típico do herói. Bruce Wayne continua mais na “bad” do que nunca: Pattinson imprimiu o tom certo no bilionário órfão e traumatizado ao extremo, ele é o Batman mais depressivo de todos, com zero de sorrisos e uma apatia geral diante da vida; apesar da fortuna que lhe proporcionaria bons momentos, ele permanece nas sombras da melancolia. Todos os demais no elenco também estão impecáveis: Zoe Kravitz, Jeffrey Wright, John Turturro, Peter Sarsgaard, Andy Serkis, Paul Dano e Colin Farrell, esse irreconhecível como Pinguin.

O diretor Matt Reeves (dos incríveis “Planeta dos Macacos: Confronto” e “Planeta dos Macacos: Guerra”) inovou na forma sem no entanto perder a essência sombria do herói num filme poderoso em todos os aspectos, visual, conceitual e técnico. As cores são muito importantes na trama: os vários tons escuros transitam entre o vermelho embaçado das lentes de contato do herói, que só enxerga tristeza na vida. Não falta e nem sobra nada no filme, que não traz detalhes desnecessários: a Batcaverna, a mansão Wayne e o Batmovel são básicos e sem muitas parafernálias tecnológicas.

A trilha sonora é uma mistura inusitada que vai da “Ave Maria” de Schubert, “Sonata ao Luar” de Beethoven,  e de “Something in the Way” do Nirvana à trilha original de Michael Giacchino, com solos de piano, violoncelo e de orquestra – é fúnebre e é perfeita. Estamos numa triste escuridão, e parece que nem o Batman será capaz de reverter isso, afinal ele não é o salvador, e sim alguém que precisa ser salvo. Não há um grande clímax e a mensagem é de desesperança total, e talvez reflita o momento em que vivemos - quando uma desgraça parece estar no fim vem outra ainda pior.

“The Batman” é avassalador, e eu ouso dizer que dará início a uma nova e épica trilogia do Homem Morcego.


Super Vale Ver!




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