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'O Bombardeio' : apenas mais um filme de guerra | 2022

NOTA 6.0

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Historicamente, conflitos de todos os tipos são amplamente retratados no cinema, seja para uso político e de propaganda ou o retrato de um momento que nos leva a conhecer ou rememorar um evento traumático, porém, por sempre se tratar de um tema sensível e por vezes de grande repercussão, simplificações podem ultrapassar a barreira do deslize criativo e tornar a obra moralmente questionável uma vez que o maniqueísmo ou o uso de imagens que abusam da gratuidade são artifícios que, se por um lado podem dessensibilizar o público já habituado a esse tipo de estilização da violência e manipulação da opinião, por outro pode tornar o seguimento voltado a um apelo emocional vazio e raso. 'O Bombardeio', projeto recém lançado na Netflix, tem escolhas estéticas interessantes e um trabalho técnico bem polido, mas não é isento de problemas comuns do gênero como esses anteriormente citados e por isso, o longa tem um brilho inicial que se apaga ao longo de suas quase duas horas, até sobrar pouquíssimo argumento que justifique sua relevância. 

Dirigido pelo dinamarquês Ole Bornedal, ‘O Bombardeio’ trata de um episódio ocorrido já no fim da guerra, mais precisamente em 21 de março de 1945, quando em Copenhage, forças de resistência tentavam minar o domínio nazista. No momento em que um plano secreto contra o quartel general da Gestapo é posto em prática, um erro inesperado resulta em uma catástrofe nunca mais esquecida.

Os atributos técnicos de filmes do gênero geralmente tem certo destaque por serem mais evidentes, como por exemplo o som. Seja pela mixagem ou edição, a imersão num ambiente de conflito é primordial, sem o qual é improvável qualquer tipo de verossimilhança, e nesse quesito o filme não deixa a desejar, tanto na explosão de uma bomba quanto no impacto de uma bala, com cada ação gerando uma reação incrivelmente palpável, entretanto, se o apuro técnico nesse quesito é louvável, a fotografia, figurino e o design de produção estão um degrau abaixo, não por serem ruins, mas por ser um mais do mesmo e sem inspiração.

Durante toda rodagem somos apresentados a diversos arcos secundários na intensão de nos conectar a cada personagem, potencializando nosso envolvimento no clímax já anunciado, contudo, cada desenvolvimento é extremamente disperso e sem foco, em parte devido às interpretações desprovidas de carisma e um roteiro incapaz de adicionar qualquer camada. O elenco adulto é o mais prejudicado e muito provavelmente na tentativa de gerar alguma identificação rápida, foi escalado Alex Høgh Andersen, conhecido por seu papel em 'Vikings', em uma performance onde suas expressões faciais como um jovem dinamarquês nos anos 40 nada diferem das apresentadas como guerreiro do século VIII. Já as atuações infantis tem melhor aproveitamento, e enquanto protagonistas, elevam a produção ao propor um olhar de inocência diante do caos instaurado e clima de tensão constantes.

Em meio aos altos e baixos, nada é tão baixo quanto os minutos finais, cuja recepção pode dividir opiniões, e as aqui expostas podem não ser as mais populares, mas há de se notar uma mudança de tom abrupto, contraditória e até covarde - mesmo se feita na melhor das intenções - finalizando da pior maneira possível uma experiência que até ali era apenas razoável.


Vale Ver Mas Nem Tanto!



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