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'Downton Abbey: Uma Nova Era' : sequência mostra que tem fôlego para a promessa de um novo ciclo | 2022

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

A série 'Downton Abbey' é unanimidade entre aqueles que se aventuram pelas seis temporadas que apresentam as desventuras e alegrias da aristocracia inglesa. Acredito que isso se deva a aproximação gerada por um universo e um tempo tão distante do nosso.  Esses limites, através das proposições no projeto, parecem não existir e talvez por isso a história se torne tão relevante para os expectadores. Há uma estranha identificação que vai muito além dos conflitos apresentados em um elenco tão extenso quando adorável. 

'Downton Abbey: Uma Nova Era', chega após o grande sucesso da primeira incursão para as telonas em 2019, e por mais incrível que isso possa parecer, sem demonstrar desgaste ou cansaço, muito pelo contrário, as possibilidades, até por se tratar de tantos personagens, parecem inesgotáveis. Acho que esse é outro ponto a ser considerado, uma vez que não só os personagens nobres como também seus fiéis serviçais mostram potencial para tramas paralelas que causam grande empatia no público. 


Na primeira aventura, 
a nobre família Crawley depois de hospedar a família real e ir a um grande baile promovida por ela, se mete em um mistério. Dessa vez, Lady Violet (Maggie Smith), a Condessa Viúva, chama seu filho e sua neta mais velha para contar um segredo que não revelou por anos: ela herdou de um homem que a amou muito no passado uma villa na Riviera Francesa. Sem saber o porque alguém estranho daria uma propriedade para a Viúva e também sem saber aonde exatamente essa tal villa fica, parte da família Crawley decide ir para o sul da França desvendar o mistério. Enquanto isso, uma grande produção está sendo filmada na imensa propriedade da família, que muito a contra gosto toparam ceder o espaço para as locações afim de fazer dinheiro e sanar os problemas da casa, que a essa altura necessitava de uma grande reforma. 

Ambas as tramas são atrativas e desenvolvidas com todas as características que ganharam corpo e também a simpatia do público ao longo desses últimos anos. Entre elas a ausência da necessidade de demarcar limites entre nobreza e criadagem, sim, esses limites existem, mas muito longe dos estereótipos que qualquer outra produção dentro do gênero. 

A busca de respostas para um suposto adultério ou um filho fora das cercanias da família Crawley é um bom tempero para essa sequência, mas nada comparado ao que acontece em paralelo durante a viagem à Riviera Francesa. O burburinho entre os empregados e os estrelismos da protagonista da produção que está sendo rodada na mansão é o que essa sequência tem de melhor. O que ocorre é que essa produção seria supostamente a última sendo produzida para o cinema mudo, já que as produções faladas estão ganhando cada vez mais campo na virada dos anos 20 para os anos 30, e isso pode representar um sério problema para a estrela Myrna Dalgleish (Laura Haddock), que precisa realinhar seu timbre e sua dicção para começar a usar a voz nos filmes. Mas esse é só um dentre todos os arcos trabalhados nessa fatia da narrativa, que mistura drama, humor e ainda dá espaço mais uma vez para o mordomo gay vivido por Robert James-Collier reinventar sua história, tudo conduzido de forma sutil e elegante. 

'Downton Abbey: Uma Nova Era' é uma bela homenagem ao cinema mudo e sua transição para o cinema falado. É interessante notar as diferenças técnicas na forma de fazer um e outro, e isso é inserido na trama sem didatismos chatos e ao mesmo tempo se alinhando de maneira orgânica ao dia a dia da graciosa família Crawley... que venha essa tão prometida nova era!



Vale Ver!



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