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'365 Dias : Hoje' - sequência é ainda mais nonsense do que o original | 2022

NOTA 5.0 

Por Rogério Machado 

O ano de 2020 parece ter ficado tão no passado em função da pandemia, mas foi esse ano que nos foi apresentada a primeira aventura de Laura e Massimo, em uma trama que emula conceitos de clássicos do soft-porn, sobretudo do último grande sucesso (ao menos midiático) no gênero: a trilogia '50 Tons de Cinza'. Quando ganhou a luz das telas inclusive, a produção foi chamada de 'versão polonesa de 50 Tons', o que chega a ter um traço de exagero, já que a história de Barbara Bialowas tem muito mais sexo ousado na mesma proporção  que também desenvolve sequências de gosto muito mais duvidoso que a consagrada saga da autora E.L. James.


Depois dos acontecimentos turbulentos do primeiro filme, Laura Biel (Anna-Maria Sieklucka) se casa com Don Massimo Torricelli (Michele Morrone), o chefe da Máfia Siciliana que a sequestrou. Sua vida parece um conto de fadas: ela tem um marido amoroso, uma casa linda e um bebê a caminho. Mas Massimo tem muitos inimigos, e eles sabem que a melhor maneira de lhe causar dor é ferir aqueles poucos que podem provocar alguma fagulha de carinho nele. Depois de presenciar uma cena horrível durante uma festa, Laura foge do lugar e é acolhida por Marcelo "Nacho" Matos, - que até então era só o jardineiro da casa de Massimo -, mas na verdade é filho do chefe da máfia rival e tem interesse em confrontar Massimo. O chefe da Máfia Siciliana está prestes a encarar seus oponentes e ainda por cima um irmão gêmeo que está para herdar seu lugar no trono da família. 

A trama que já era frágil, sem propósito e concebida à partir das tórridas cenas de sexo, consegue um feito ainda mais devastador nessa sequência, que se resume praticamente ao sonho de princesa de Laura em sua lua de mel, e claro, mais  sexo quente, que aqui, ao invés de impulsionar o desejo dos ávidos pelas cenas ousadas, causa ainda mais estranheza pelas bizarrices introduzidas, como as tão comentadas (negativamente) sequências da bolinha de golfe ou ainda a 'torta humana' carregada no chantilly. Se ao menos as cenas de sexo no primeiro longa se salvavam, em '365 Dias: Hoje', nem isso. O que deveria soar provocador e aguçar a libido, se transforma em uma vontade incontrolável de rir. 

Para além do maniqueísmo brega e mal representado através de atuações sofríveis principalmente quando as lentes se voltam para os entraves entre a Máfia Siciliana e Espanhola, está a insistência de um roteiro que usa e abusa da misoginia e do machismo, onde uma mulher está a disposição do marido para servi-lo sexualmente, sendo só mais uma peça no tabuleiro da ostentação de um macho mal caráter e autoritário. 

Mas todos os deslizes e a total ausência de senso não se comparam a um fator intrínseco no roteiro e que infelizmente se firma como a essência da produção: a romantização das relações abusivas. Soma-se a isso o clima de vídeo clipe com muito slow motion, ângulos de mal gosto e performances quase sempre um tom acima do minimamente aceitável e a receita do que vimos até agora na trilogia está pronta. Contudo, uma coisa não se pode negar; a Netflix faz o merchandising dela... e muito bem feito por sinal, já que os dois filmes da saga estão nesse momento no top dez da plataforma. 


Nem Vale Ver!



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