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“Onde eu Moro” causa impacto com o drama dos sem-teto | 2022

NOTA 8.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Exceto pelo suporte governamental, o drama dos desabrigados nos EUA  não difere muito do brasileiro: milhares (talvez milhões) de pessoas morando nas ruas com suas famílias, enfrentando as intempéries,  passando fome e frio, e muitas vezes sofrendo violência e abuso diversos. São tendas e mais tendas, paredes de papelão, alguns móveis nas calçadas, carrinhos de supermercado carregando os pouco pertences que sobraram, crianças e cachorros sujos tentando ter um mínimo de distração em praças e embaixo de viadutos. Estamos em Los Angeles, lugar de contrastes gigantescos entre o luxo das mansões milionárias e do glamour de Hollywood e a miséria que a cada dia aumenta mais nos EUA.

Dirigido pelo brasileiro Pedro Kos e pelo americano Jon Shenk , “Onde Eu Moro” mostra essa realidade nas ruas dos EUA em registros feitos entre 2017 e 2020, num filme chocante apesar da temática super presente em nosso dia-a-dia e em manchetes diárias. Além de mostrar a crise humanitária alarmante que cresce sem parar através das entrevistas com assistentes sociais pra saber como  aquelas pessoas foram parar naquela situação (aluguel alto, deficiência, desemprego, preconceitos...), conhecemos detalhes do quotidiano que causam até uma certa curiosidade mórbida: como comem,  tomam banho, vão ao banheiro ou escovam os dentes para manter um mínimo de dignidade. 

O curta de 39 minutos tem cenas de grande sensibilidade, como a que mostra uma mãe sem-teto que está grávida do ex-companheiro estuprador, e que passa a manhã na biblioteca pública para que os dois filhos possam ver tv e jogar videogame afim de disfarçar a situação lastimável em que se encontram. A vontade é de dar abrigo e uma vida melhor para essa família que, como tantas outras, passa por essa provação sem a certeza de que algo vai mudar - talvez fiquem pelas ruas por anos sem fim.

Os diretores trazem uma verdade incômoda para todos: a tragédia e a degradação humana estão escancaradas sob nosso nariz e acabaram tristemente banalizadas. Não são mostradas soluções efetivas muito menos uma nesga de esperança, apenas a situação nua e crua, e ela dói no espectador até um certo ponto, pra depois virarem cenas urbanas do quotidiano.

“Onde eu Moro” tem cortes incisivos nos momentos mais fortes, deixando a sensação de que o material que os diretores tinham era grande e com certeza daria origem a um belo longa metragem, com maior aprofundamento nas vidas em jogo e na política de recuperação dessas famílias. Produção original da Netflix, o filme foi merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem. Choca na mesma proporção que comove. Assistam!


Vale Ver!




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