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'A Fera': a boa e velha dinâmica “homem x natureza” em um thriller eletrizante | 2022

NOTA 8.0

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacritica 

Clichês existem por uma razão, eles funcionam! Aparentemente Baltasar Kormákur absorveu essa ideia muito bem. Em seu primeiro trabalho após quase 10 anos longe da direção, o cineasta retorna com ‘A Fera’, que entre um thriller de sobrevivência e a boa e velha dinâmica “homem vs. natureza” nos apresenta uma familiar premissa com direito a referências clássicas como ‘Tubarão’, ‘Cujo’ e a mais evidente delas, ‘Jurassic Park’. A mistura pode parecer exótica, entretanto, fica só na aparência, ‘A Fera’ é genérico do início aos créditos finais, contudo esse lugar-comum vem carregado de muita energia e tensão, em um cenário de extrema beleza, porém hostil e com isso, mantendo nossos sentidos sempre em alerta.

Na trama acompanhamos Dr. Nate Samuels (Idris Elba), que após o falecimento da ex-esposa viaja com as filhas Meredith (Iyana Halley) e Norah (Leah Jeffries) para África, onde em uma reserva natural encontram um antigo amigo da família, Martin Battles (Sharlto Copley). Todavia, o que parecia um recomeço se transforma em uma luta por sobrevivência quando eles cruzam o caminho de uma fera sedenta por sangue e vingança.

Um bom thriller costuma vir acompanhado de um drama familiar capaz de, antes de mais nada, nos conectar ao núcleo central e, com tudo que foi dito até agora, é óbvio que aqui não seria diferente. Começando de forma eficaz, todo histórico pregresso é bastante palpável e em poucos minutos a motivação da viagem se torna plausível, assim como o que une e afasta cada personagem. É clichê, mas é real e muito bem desenvolvido, pelo menos até a primeira metade. Uma vez o risco e o senso de urgência estabelecidos, a problemática da relação pai e filha fica desgastada, relegando as atrizes coadjuvantes um papel cada vez mais secundário e repetitivo, muito pouco devido às atuações, que são boas, mas as escolhas criativas nesse sentido caducam conforme o fechamento se aproxima.

Tecnicamente o longa tem seus momentos, a começar pela fotografia, com excelentes planos abertos para explorar a grandiosa savana africana em todo seu esplendor, além de ótimos planos fechados, que potencializam o clima claustrofóbico necessário nas sequências de proteção e fuga. Já a computação gráfica alterna entre as muito bem acabadas texturas dos animais e a movimentação pouco realista dos mesmos, o que é de se lamentar já que bons efeitos práticos suavizariam esses problemas, tendência essa infelizmente cada vez menos utilizada devido aos custos envolvidos. O roteiro é irregular uma vez que apresenta conveniências bem pouco convincentes, muito embora compense com bons diálogos e razoável desenvolvimento de personagem, em especial do protagonista.

Por último, mas não menos importante, temos a grandiosa presença de Idris Elba que nos brinda com seu talento e carisma muito acima da média. Como protagonista ele está em todas as cenas e sustenta com extrema eficiência tanto pela fisicalidade quanto pela carga dramática, mesmo essa sendo o principal ponto de desequilíbrio da trama. Por outro lado, nem sempre a qualidade está atrelada a profundidade dos temas ou a reflexão que ele nos leva, por vezes tudo que precisamos é ver um homem em perigo chutando a cabeça de um leão e tudo bem... viva o cinema pipoca!


Vale Ver!



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