'365 Dias Finais' : trilogia polonesa chega ao fim com muita DR e pouco sexo | 2022
NOTA 4.0
Por Rogério Machado
É curioso analisar a estrutura da trilogia '365 Dias' , que chega ao fim depois de muita contradição e crÃticas negativas, tanto do público quanto dos profissionais da imprensa especializada em cinema. Tramas que se empenham única e simplesmente em levar o sensual pra tela replicando fórmulas que já vimos antes, só que sem conteúdo. O fenômeno midiático polonês foi se moldando ao tempo, mas ao invés de apresentar consistência ao longo dos capÃtulos, retrocedeu e ficou ainda mais superficial e insossa, deixando de lado não só o apelo sexual como também os dilemas entre as duas máfias rivais que se estranharam sobretudo no segundo episódio da saga.
Depois dos acontecimentos do segundo filme, quando Laura (Anna-Maria Sieklucka) é baleada e fica entre a vida e a morte, um segredo nesse triste episódio será revelado ao longo da trama, mas não é esse o foco da narrativa e sim o triângulo amoroso com Massimo Torricelli (Michele Morrone) e Nacho (Simone Susinna). O casamento de Laura e Massimo está por um fio e um novo cruzar de caminhos entre Laura e o inimigo número um de Massimo vai estremecer as estruturas dessa relação ainda mais.
Quando disse sobre estruturas curiosas, me referi principalmente na lacuna entre um episódio e outro, os ganchos deixados para as duas sequências são simplesmente ignorados no longa posterior, o que não chama o expectador para dentro da pouca trama que ainda resta, num enredo fraco e feito unicamente para expor cenas de sexo selvagem (porém bregas) e longas sequências com belas paisagens embalados com o pop chiclete que esteve presente em todos os filmes da série.
Incomoda, em pleno século XXI, com o crescimento da mulher na indústria cinematográfica, seja dentro ou fora das telas, ver uma protagonista fútil e emocionalmente vazia e confusa, que se submete, ainda que ela diga que não, a um macho dominador e violento. A inserção do triângulo amoroso desde o segundo longa reforça ainda mais o caráter maniqueÃsta desse poderio masculino, com um oponente doce, que trata Laura como uma dama, mas que também esconde segredos sujos, tÃpicos de uma famÃlia mafiosa, sob o pretexto da submissão e do respeito ao pai - existe uma cena entre Laura e Amelia (Karolina Pisarek), irmã de Nacho, que tenta justificar isso - mais um exemplo grotesco dentro de um roteiro que se apega a questões sem relevância.
No mais, sonhos eróticos com estética a lá Cine Privé, com direito a uma cena de beijo gay totalmente descolada desse universo já caótico, a melhor amiga da protagonista - o alÃvio cômico da trama - sempre num tom over e desprovido de talento e um final totalmente sem brilho enterram de vez uma das piores franquias que um dia o cinema já produziu. Que fique no mar Mediterrâneo do esquecimento.
Nem Vale Ver!
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