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'O Pai da Noiva'– reboot leve que diverte com ótimo elenco e latinidade | 2022

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud 

O ciúme paterno é perfeitamente explicado por Freud. O pai é a primeira e mais próxima figura masculina que a filha conhece, daí essa ligação ser tão forte e causar ciúme e indignação quando ela decide se casar, “substituindo” a figura paterna. E é ele, o ciúme do pai, que guia a trama de “O Pai da Noiva”.

Baseado no livro homônimo de 1949 do escritor Edward Streeter “O Pai da Noiva” já teve duas adaptações: uma em 1950, estrelada por Spencer Tracy e Elizabeth Taylor e outra em 1991 estrelada por Steve Martin, Kimberly Williams e Diane Keaton. Eis que a HBO chega com mais uma adaptação, um reboot (nova versão sem o compromisso de refazer o original com minúcias) da história; muita coisa mudou desde então, exceto o ciúme paterno.

Billy Herrera é um pai de origem cubana que construiu uma bela vida em Miami com sua família e firma de arquitetura. Mas a sua felicidade está ruindo: apesar da terapia de casal, seu casamento acabou e sua filha mais velha volta com uma surpresa nada agradável. Sofia vai se casar, mas fora das tradições que o pai tanto preza: o casal quer pagar pelo casório, ela que pediu a mão do noivo, e a cerimônia não será católica. A confusão começa quando Billy não aceita o genro que não está à altura de sua filha, é vegetariano e não gosta de esportes; muito menos aceita as modernidades impostas pelo casal.

Essa releitura de “O Pai da Noiva” é focada nas trapalhadas do pai ciumento, porém também na sua história e visão do mundo, um exilado cubano que veio para a América fazer a vida e que tem orgulho de sua trajetória e das tradições de sua terra natal. O patriarcado foi deixado pra trás, agora marido e mulher andam lado a lado compartilhando as decisões, alegrias e tristezas de uma vida a dois. Andy Garcia brilha com sua veia cômica,  transbordando charme numa ótima performance.  Sua esposa Ingrid é vivida pela cantora Gloria Stefan com competência: uma mulher forte, que vive pela família, mas que também quer ser feliz, e por isso está irredutível quanto a separação.

O elenco de apoio também é muito bom e tem voz na trama: o sogro bom-vivant casado com uma moça bem mais jovem (claramente um “velho da lancha”), os tios músicos que adoram um bar de strippers, a irmã caçula que quer ser estilista a contragosto do pai e que se assume gay, e os planejadores de casamento caricatos.

O diretor Gary Alazraki, egresso da tevê, conduz a trama com a leveza condizente com os novos e maravilhosos tempos, onde diversidade e inclusão social estão finalmente presentes nas produções. As boas piadas permeiam toda a trama, nas briguinhas entre as famílias por motivos bobos como o local do casamento e a decoração, e nos pais da noiva fingindo que a relação deles está ótima. A chacota com os insuportáveis termos criados pela patrulha do politicamente correto,  como “latine” “latinx” é pontual e muito engraçada. A falta de conhecimento dos americanos sobre geografia ou qualquer outra cultura que não a deles é batida mas divertida: confundir Cuba com México e flamenco com flamingo sempre garante boas risadas. Somos transportados para a ensolarada e alegre Miami, com suas casas exuberantes, muitas cores nas praias, no céu e nas pessoas. A cultura latina dá o tom da cidade, com músicas animadas, pessoas gesticulando, falando alto e vestindo roupas estampadas. Todo o exagero e o calor humano das famílias latino-americanas cativam logo de cara. 

Apesar de repetir a fórmula dos filmes anteriores, “O Pai da Noiva” acertou na combinação da história original afinada com os tempos atuais, resultando em entretenimento de qualidade pra ver com toda família.


Vale Ver!




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