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Festival do Rio : 'Pérola' | 2022

NOTA 9.0

Por Rogério Machado

Coincidência ou não, Murilo Benício chega a seu segundo filme novamente trazendo uma adaptação. A primeira incursão do ator e diretor, 'O Beijo no Asfalto' baseado na obra de Nelson Rodrigues, foi feliz no uso da metalinguagem e conquistou crítica e público. Dessa vez, o cineasta encara o desafio de filmar uma montagem de Mauro Rasi para o teatro que foi um fenômeno de público enquanto esteve em cartaz nos anos noventa. 'Pérola' habita entre esses casos em que a mensagem sempre se renova e inevitavelmente causa empatia no público. 

O filme conta a história da matriarca Pérola (Drica Moraes) pelo olhar e memória de seu filho, Mauro (Léo Fernandes).  Antes de tudo, a narrativa que atravessa três décadas, se estabelece no reencontro de uma mãe e seu filho, com conflitos e sonhos traduzidos na construção de uma piscina no quintal de um casarão que nunca fica pronta. Mauro, que seguiu seus sonhos até o Rio de Janeiro para trabalhar com arte, retorna ao interior de São Paulo, Bauru, assim que fica sabendo da morte da mãe. 

A partir desse caminho de volta, em uma estrutura não linear (o pulo do gato da direção de Benício) revivemos momentos na trajetória dessa família. Com a brilhante interpretação de Drica Moraes, Pérola é o retrato caricato e sobretudo humano da mãe brasileira: suas manias, suas ilusões, seu senso de humor, sua espirituosidade, seu desejo de querer controlar todas as coisas... tudo isso com um carinho particular que apenas a distância e o tempo permitem.

A mensagem de amor e inclusão aqui é tão natural que por vezes nem notamos estarmos diante de uma obra de ficção, ou quando notamos, é totalmente possível nos reconhecermos na tela. Talvez porque estamos diante de uma história autobiográfica, a trama se torne parte de quem está vendo. 'Pérola' em sua simplicidade, é um retrato de uma família que poderia ser a minha ou a sua, que briga e em seguida se reconcilia, que comemora os bons momentos com toda pompa e exagero mas que também sofre e chora, e segue assim repleta de histórias pra contar. 

O filme está na Première Brasil: Hors Concours do Festival do Rio e foi celebrado de pé em sua estreia, emocionando uma plateia inteira. 


Super Vale Ver!




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