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'Lou' – Allison Janney abrilhanta thriller dramático | 2022

NOTA 7.0

Por Karina Massud  @cinemassud 

Não é de hoje que venho batendo na mesma tecla sobre a gana da Netflix em engordar seu catálogo com produções originais, sejam de baixo ou de alto orçamento; são vários os contratos com nomes de peso, diretores e atores, e adaptações de best-sellers com forte apelo, sem no entanto haver preocupação com a qualidade no mesmo nível dos cifrões envolvidos. Em muitas de suas produções o marketing é infinitamente superior aos predicados do filme: “o suspense que está deixando os espectadores chocados”, “o thriller mais visto da Netflix”, e outras chamadas superlativas que estão aquém do que prometem. “A Mulher na Janela”, “Persuasão”, “Dupla Jornada”, “Spiderhead”, “Agente Oculto”, “Carter”, são apenas alguns exemplos das apostas mais recentes do serviço de streaming que, se não são de todo ruins e agradam muita gente, perigam cair no esquecimento. “Lou”, o mais recente suspense da Netflix, vem pra engrossar essa lista... se irá ser lembrado ano que vem só o tempo dirá. 

Lou é uma mulher que tem uma vida pacata numa casa isolada perto da floresta; ela esconde uma vida secreta que há muito tempo ficou para trás. Segredos esses que começam vir à tona quando, numa noite de tempestade torrencial, quando sua vizinha e locatária Hannah vem desesperada lhe pedir ajuda pra achar sua filha que foi sequestrada pelo pai. Lou e Hannah saem nessa missão de resgate insana pela floresta, numa trajetória extenuante que aos poucos vai expondo suas vidas e traumas do passado.

O filme, produzido por J.J. Abrams (“Star Trek”, “Missão Impossível“Lost) e dirigido por Anna Foerster (que dirigiu episódios das séries “Westworld” e “Outlander”) é como  aquela receita de bolo caseiro simples que sempre dá certo: personagens cheios de segredos vivendo secretamente num lugar ermo, um psicopata que faz qualquer loucura pra conseguir o que quer e destruir a vida alheia, algumas mortes pelo caminho e muitos empecilhos até que os mocinhos cheguem ao vilão.

Essa fórmula genérica é abrilhantada pelas duas ótimas atrizes principais e pelo resgate emocional pelo qual vão passando. Allison Janney (ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Eu, Tonya”) está em mais uma grande performance como a protagonista que dá nome ao título  uma mulher ferida e arrependida pelos erros do passado e que tenta compensá-los de formas tortas; alguém que se escondeu do mundo e dos sentimentos – tudo em vão. Jurnee Smollett (“Spiderhead” e “Aves de Rapina”), confirma sua carreira em ascensão como Hannah, uma mulher que sofreu violência doméstica e que vive com os nervos à flor da pele tentando criar a filha sozinha, sem mais arranhões pelo percurso. Logan Marshall-Green é Phillip, o terceiro elemento que chega para ameaçar as protagonistas, cometendo atos abomináveis e motivados por cicatrizes profundas; o ator tem algumas cenas constrangedoras e dá vida a um psicopata clichê. Três pessoas que fogem a todo custo de elos de afeto, mas que inevitavelmente tem de encará-los para sobreviver. 

O filme peca nas reviravoltas excessivas e previsíveis que tornam a trama na segunda metade mais cansativa do que instigante. O clímax, porém, traz uma beleza visual surpreendente e uma excelente catarse emocional que compensam esses senões.


Vale Ver!




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