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'Abracadabra 2' encanta com feitiços e nostalgia | 2022

NOTA 8.0

Por Karina Massud @cinemassud 

O Dia das Bruxas está chegando e, segundo a lenda, é o dia exato para invocar as irmãs Sanderson, três bruxas que foram enforcadas na cidade americana de Salém em 1663 e que voltaram, isso em “Abracadabra”, de 1993. Curiosamente o primeiro longa foi um fracasso tanto de crítica quanto de bilheteria; só posteriormente ao seu lançamento que ele veio a cativar o público e se tornar um clássico da “Sessão da Tarde”, um queridinho de quem cresceu entre os anos 90 e 2000.

Quase trinta anos depois “Abracadabra” ganha a sequência tão aguardada pelos fãs, confirmando que a onda de “legacy sequels” veio pra ficar. “Legacy sequel” (“sequência do legado”), é uma continuação produzida décadas depois do filme original, geralmente com o mesmo elenco e elementos do passado com toques de modernidade. Os grandes estúdios têm apostado nessa tendência e acertado em cheio com vários sucessos: “Blade Runner 2049”, “Ghostbusters – Mais Além”, “Top Gun: Maverick”, “Avatar: O Caminho da Água” além de “Abracadabra 2”, o cerne desse texto que lhes escrevo.


Em “Abracadabra 2” as irmãs Winnie, Sarah e Mary Sanderson ressuscitam novamente quando duas amigas acendem por acidente a vela de chama negra; e elas vem mais ensandecidas do que nunca para se vingarem do seu algoz e, mais uma vez, buscar a beleza e juventude eternas sugando a energia de criancinhas. A fantasia de acreditar em magia e em seres sobrenaturais sempre cativa, e em “Abracadabra” ela é apresentada da forma tradicional: bruxas que fazem poções no caldeirão com aranhas secas, dedo do inimigo e outros ingredientes sinistros, que hipnotizam através de palavras mágicas, lançam raios e  voam em vassouras.

O talento do trio Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy é o mesmo de três décadas atrás - elas nos conquistam com caretas e trejeitos na medida, piadas e briguinhas bobas de irmãs. Elas são deliciosamente perversas, engraçadas e protagonizam números musicais com hits populares que não deixam ninguém parado. Vê-las em sua origem, então como adoráveis crianças, é impagável. Elas são as vilãs pelas quais torcemos, pois representam a força da mulher reprimida e castrada pela sociedade preconceituosa, seja no século 17 ou 21.

No entanto, de nada adiantaria tantos talentos e apelar pra memória afetiva do público se o filme não tivesse qualidade, e “Abracadabra 2” tem. A direção de Anne Fletcher  (“Dumplin´”, “Vestida para Casar”)  é dinâmica, com uma narrativa que prende do início ao fim. Os efeitos visuais, maquiagem e figurino são ótimos, com a qualidade Disney que se espera; e as surpresas das bruxas com a tecnologia atual garantem boas risadas. As referências ao filme de 1993 pontuam a trama, portanto vale dar uma refrescada na memória e revê-lo.

E já que estamos em 2022, não podiam faltar algumas críticas sociais, leves pra não destoarem da atmosfera do filme. A crítica ao culto à beleza e à juventude já vem do filme original, mas agora assumem a forma de chacota - com cremes com retinol e ácidos, além da busca pelo colágeno perdido – usar o fluído vital de uma criança ou uma fórmula anti-idade pra rejuvenescer é apenas uma questão de ponto de vista. Xingar de “feia” ou “dentuça” também entram no compêndio do que é proibido; pois beleza é um critério subjetivo e devemos celebrar as diferenças.

“Abracadabra 2” honra o filme original com competência, divertindo novas e velhas gerações sem usar de invencionices, e nos fazendo lembrar o quanto a simplicidade pode ser gloriosa.


Vale Ver!




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