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'Sorria' : apesar dos sustos baratos, longa da Paramount consegue escapar do trivial | 2022

NOTA 7.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Antes de mais nada, é válido deixar o aviso que o filme possui uma temática que pode levar a gatilhos emocionais e não é recomendado para pessoas em situação de fragilidade emocional. Fica o alerta! Dito isso, o horror dialoga de maneira direta com questões sociais do momento, seja ele qual for. Um histórico que, diferente do que a contemporaneidade faz parecer com o pretenso “pós-horror”, tem origens muito anteriores ao audiovisual. A título de exemplo, Frankenstein  foi uma obra publicada em 1818 e discute sobre limites da ciência, bem como as suas implicações a nível ético, já que nem tudo o que a técnica pode produzir, deve, de fato ser feito. Uma problemática de grande relevância dado o contexto de uma Inglaterra ainda sob os efeitos recentes da 1ª revolução industrial. Iguais a esse, temos muitos outros exemplos no terror, passando desde o clássico, até o moderno e o pós-moderno, ganhando bastante fôlego nos anos mais recentes, e é tentando surfar nessa onda que ‘Sorria’, o mais novo filme da Paramount, chega aos cinemas. 

Dirigido pelo estreante em longas Parker Finn, ‘Sorria’ é inspirado no curta “Laura Hasn’t Slept”, também do diretor, onde acompanhamos a Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon), uma médica que após presenciar um acontecimento trágico na clínica onde trabalha, começa a viver experiências sobrenaturais inexplicáveis, ressuscitando traumas até então adormecidos. 

A premissa parece simples, e realmente é, até certo ponto. A narrativa tem uma estrutura linear e convencional, inclusive apelando a recursos comuns do gênero como o “jump scare”, talvez um dos pontos mais fracos do filme, em parte por serem, em sua maioria, extremamente previsíveis. Todavia, não é necessário muito tempo de rodagem para percebermos diferenciais significativos, a começar pelos enquadramentos onde Parker usa do plano holandês e da câmera invertida para evidenciar a degradação mental pela qual passa a protagonista, não se fazendo valer da técnica pela técnica somente, mas utilizando do artifício para comunicar diretamente com a proposta visual e narrativa. Quanto às performances, Sosie Bacon é destaque e sustenta bem o protagonismo, em contrapartida, o elenco de apoio, com exceção de Rob Morgan em uma breve participação, está pouquíssimo inspirado. Especialmente Jessie T. Usher, conhecido por seu papel na série ‘The Boys’, cujo desempenho é digno de um Framboesa de Ouro. 

O filme ainda escorrega no ritmo ao se alongar mais do que deveria, tornando o terceiro ato arrastado e repetitivo, entretanto, muitos desses problemas mencionados podem estar ligados a pouca liberdade criativa, uma vez que essa é uma produção de um grande estúdio, onde a pressão por convenções do gênero e simplificações são maiores dada a necessidade de maior apelo comercial. Por se tratar de um trabalho de estreia na direção, Parker Finn até se sai muito bem. Quem sabe futuramente entre para o seleto grupo de jovens cineastas de destaque no horror, hoje formado por Ari Aster, Roger Eggers e Jordan Peele. Longe de ‘Sorria’ estar aos pés de qualquer um dos trabalhos desses grandes nomes já consagrados, mas sem dúvida é um belo começo. 


Vale Ver!



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