Adsense Cabeçalho

'O Tablado e Maria Clara Machado' : uma linda homenagem a uma das maiores autoras infantis do Brasil | 2022

NOTA 7.0 

Por Karina Massud @cinemassud 

Uma das lembranças mais marcantes da minha infância é a peça de teatro “Pluft, o Fantasminha”, sobre o fantasminha que morre de medo de gente e que come pastel de vento; foi a primeira e mágica vez em que vi uma encenação. A peça é um clássico da dramaturgia brasileira escrita pela autora e professora de teatro Maria Clara Machado, consagrada por obras infantis que encantam gerações. Dirigido por Creuza Gravina, o documentário “O Tablado e Maria Clara Machado” foi produzido em 2021 para comemorar o centenário da autora e os setenta anos do Teatro Tablado, escola fundada por ela, mas, devido à pandemia, lançado mais de um ano depois.

Em meio a sessenta e dois depoimentos de atores, produtores, cenógrafos, iluminadores, amigos e admiradores, além de trechos dos seus lindos textos, vamos conhecendo Maria Clara, a escritora de mão cheia, com uma criatividade ímpar e infinita, amiga e criadora de artesãos na arte de interpretar, e, principalmente, “formadora de seres humanos”.  Maria Clara era conselheira, doce e divertida, ao mesmo tempo que era rigorosa e objetiva quando se tratava de ensinar ou montar uma peça. Se fosse possível citar um defeito nela, é que ela era contra a profissionalização, a fama e o dinheiro vindo dela, mas nem por isso cortava relações com ex-alunos que se tornavam globais. 

É precioso ver Cláudia Abreu interpretando o Pluft;  Malu Mader, Andréa Beltrão, Marcos Palmeira, Ernesto Piccolo e tantos outros atores emocionados ao falar sobre a mestra e suas obras tão significativas pra nossa cultura como “O Cavalinho Azul”, “A Bruxinha que era Boa”, “A Menina e o Vento”, ou “O Dragão Azul”, pra citar apenas algumas. O autor de novelas Gilberto Braga também reverencia Maria Clara, assim como a crítica de teatro Bárbara Heliodora, que considera 'Pluft' um divisor de águas no teatro brasileiro. A história do Teatro Tablado se confunde com a própria história de muitos artistas famosos, outros nem tanto, mas todos com a afinidade dos ensinamentos da escola que até hoje mantem-se firme e lendária. Lá eles não só aprenderam a interpretar, mas a exercer todas as funções inerentes a um espetáculo - varrer o palco, costurar, iluminar uma cena, se maquiar ou montar o cenário.  

Há algumas imagens raras, mas ao longo de todo o documentário são poucas as imagens de arquivo, era preciso mais para ilustrar histórias de tamanha riqueza visual e lúdica. Por outro lado, as passagens curiosas e engraçadas são muitas, como quando os atores foram beber no boteco da esquina vestidos com o figurino e esqueceram de voltar pra peça; ou quando Miguel Falabella caiu num bueiro  e chegou atrasado e todo enlameado para trabalhar.

“O Tablado e Maria Clara Machado” é um documentário importante para que se celebre a autora e seu belo legado. Para os que a conheceram é uma linda homenagem através de uma viagem no tempo; já para quem a está conhecendo agora, é uma grata surpresa. Como bem diz Lupe Gigliotti sobre o palco do Tablado em um dos textos: “Nem sabia, estava morta, fui pra lá ressuscitar”.


Vale Ver!



Nenhum comentário