'Till : A Busca por Justiça': drama racial baseado em fatos comove com atuações grandiosas | 2022

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

'Oscar Bait', aquele termo que diz respeito às obras produzidas com o claro objetivo de conquistar estatuetas na temporada de premiações,  tem sido banalizado pelas mídias de cinema ultimamente. É preciso cuidado para não incluir no pacote projetos que, mesmo que pareçam querer atrair esse tipo de atenção, não se estabelecem como oportunistas. Em 'Till: A Busca Pela Justiça', que esteve na programação do Festival do Rio e em breve chega em circuito comercial,  certamente será aquele filme que, ou vai conquistar a Academia em absoluto  ou será esnobado por completo, mas não por ser um 'Oscar Bait', e sim porque em cada ano ela escolhe o queridinho da vez.

Nessa história baseada em fatos vamos conhecer Mamie Till-Mobley (Danielle Deadwyler), uma mãe dedicada que agora, em frangalhos,  luta por justiça após a morte de seu filho, Emmett Till (Jalyn Hall), um jovem negro brutalmente assassinado aos 14 anos, em 1955. Till, que exibia sempre um largo sorriso por onde andava, foi raptado e linchado depois que, Carolyn Bryant (Haley Bennett) uma mulher branca, dona de uma mercearia no Mississipi, alegou ter sido assediada por ele após o garoto ter entrado no estabelecimento para comprar balas. 

A história nos conta que a segregação racial ainda permaneceu forte no sul e sudeste dos E.U.A, mesmo depois de ter perdido forças pelo país. Tanto que na história sob a direção da nigeriana Chinonye Chukwu, que aqui também assina o  roteiro, a protagonista vive com aparente tranquilidade com Emmett em Chicago, mas ao saber que o filho desejava passar uma temporada com os primos no interior do Mississipi, seu semblante de tranquilidade regada a tardes de dança com seu rebento, se transforma completamente, junto a isso inúmeras recomendações para que o garoto não se metesse em problemas com brancos. 

O longa, que traz de volta às telas a grande Whoopi Goldberg em uma tímida participação como a avó de Emmett, tem a seu favor atuações potentes e que conseguem tirar a produção do lugar de oportunismo do 'Oscar Bait'. A escolha por ostentar cenas fortes, numa impressionante maquiagem que demonstra a violência descabida sofrida pelo garoto se torna essencial para a trajetória de uma mãe que, mesmo sendo invadida e corroída,  anseia que todos reconheçam a selvageria cometida em nome do racismo ao se confrontarem com um corpo destroçado. 

'Till: A Busca por Justiça' é mais um filme que tem a representatividade a seu favor e portanto junta-se, guardada as devidas proporções, à produções emblemáticas como '12 Anos de Escravidão', 'A Cor Púrpura' , 'Hotel Ruanda', e tantos outros que nos fazem lembrar de como o racismo ainda é uma ferida aberta que está muito longe de ser curada.