'O Massacre da Serra Elétrica' : longa que figura entre os mais influentes do terror ganha relançamento nos cinemas | 1974
Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica
Na sétima arte, se existe um gênero que move montanhas, é o terror. A despeito de todo preconceito, principalmente da crítica, o terror é o de maior capacidade de mobilização popular. Na era das redes sociais, isso ficou ainda mais evidente haja vista tantas comunidades virtuais com conteúdo especializado. Ao longo das décadas, as grandes bilheterias variaram entre as comédias pastelão, os faroestes, os épicos, os musicais, até chegar aos atuais “super-heróis” (já em declínio). Contudo, não é exagero dizer que o medo nunca saiu de moda e é, até hoje, sinônimo de rentabilidade. Com um sem-número de subgêneros sendo criados ao longo do tempo e uma legião de diretores dedicados ao horror, não há nada que se compare, seja em proporção ou relevância. Razões para isso? Talvez pelo medo de ser, possivelmente, um dos sentimentos fundantes da nossa espécie, o que explicaria muito do nosso fascínio por ele, mas há uma explicação menos filosófica e certamente mais factível: trata-se de um cinema barato. Muito dos clássicos surgiram de produções amadoras que compensaram a falta de grana com muita criatividade. No Brasil tivemos o icônico José Mojica Marins, o Zé do Caixão, com seus filmes “artesanais” e nessa mesma lógica outros revolucionários como George Romero, Sam Raimi, Wes Craven, Carpenter e, claro, Tobe Hooper, cuja criação viria a escandalizar a já traumatizada geração de 70 e influenciar todas as seguintes.
Na trama acompanhamos Sally Hardesty (Marilyn Burns) e seu irmão paraplégico Franklin (Paul A. Partain) a caminho do cemitério em que está enterrado o avô, no interior do Texas, no qual circulam boatos de violação nos túmulos. Acompanhados pelo namorado de Sally, Jerry (Allen Danziger), e pelo casal Kirk (William Vail) e Pam (Teri McMinn), decidem passar na antiga propriedade dos Hardesty, onde nas proximidades mora uma família de canibais que tornará a vida daqueles jovens um verdadeiro inferno.
Quase meio século após a primeira exibição, “O Massacre da Serra Elétrica” continua tão impactante quanto na data que estreou. Banido em alguns países e, com o tempo, recebendo o status de cult, o filme criou tendências repetidas à exaustão. Elementos como a do assassino grandalhão mascarado, o grupo de jovens com personalidades distintas que se juntam por um objetivo comum e o clichê da última sobrevivente, a chamada “final girl”. Tais características praticamente não existiam, todavia, basta olharmos para franquias de sucesso como “Pânico”, “A Hora do Pesadelo”, “Halloween” e “Sexta Feira 13” que encontraremos a digital de Tobe Hooper. Outra menção digna de nota é para o protagonismo dado ao instrumento usado pelo vilão, este, ainda não superado por nenhum outro. A lendária Motosserra não apenas está no título, mas no imaginário de todos que já assistiram.
Houve um esforço criativo enorme para contornar os obstáculos orçamentários, porém, cada gota de suor foi convertida em dólar, com um resultado de bilheteria que o coloca entre os mais rentáveis da história. Infelizmente esse retorno extremamente positivo também gerou efeitos colaterais, como o lançamento de diversas sequências, prólogos e até remakes. Todos, sem exceção, de péssima qualidade.
Por muitos anos se alimentou a ideia de que os acontecimentos eram baseados em uma história real. O próprio Hopper se fez valer disso para a promoção do filme, mas na verdade o roteiro é levemente inspirado em Ed Gein, conhecido como o carniceiro de Plainfield. Este mesmo sujeito foi inspiração para a criação de outros psicopatas conhecidos como Norman Bates, de “Psicose” e Búfalo Bill, de “O Silêncio dos Inocentes”. No entanto, entre verdades e mentiras que não fazem qualquer diferença, o fato incontestável é que existe o horror antes e depois de “O Massacre da Serra Elétrica”, e isso, ninguém pode negar.
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