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'Na Sua Casa ou na Minha?' : comédia romântica com Reese Witherspoon e Ashton Kutcher não inova mas diverte | 2023

NOTA 6.5

Por Karina Massud @cinemassud 

Comédias românticas são sempre um apanhado de clichês do gênero que podem ou não funcionar. Em “Na Sua Casa ou na Minha?” a fórmula funciona em partes e agrada quem procura um filme leve pra ver depois de um dia pesado. Debbie e Peter são amigos que na juventude transaram apenas uma vez e depois viraram “melhores amigos para sempre”, do tipo que se falam todos os dias e que trocam confidências sem qualquer tipo de filtro. Debbie é uma mãe que dedica sua vida ao filho, à carreira e não pensa em namorar ou se casar. Peter, apesar de ter abandonado o sonho de ser escritor, tem sucesso no trabalho mas na vida amorosa é um fracasso. Um dia eles resolvem trocar de casa, Debbie vai pra cinzenta NY fazer um curso e ficar no apartamento luxuoso de Peter, que vai pra colorida LA cuidar de Jack, o filho tímido da amiga, por uma semana – e aí começa o ponta da virada para ambos, que talvez não sejam tão diferentes quanto parecem.

O filme não tira grandes gargalhadas do espectador, mas prende  pelos bons diálogos de quotidiano - Debbie tentando se convencer de que ela e Peter são somente amigos e dissertando sobre livros diversos; e Peter se esforçando pra ser uma ótima babá pro Jack, fazê-lo ter amigos e jogar hockey. A relação entre eles se restringe aos papos sobre o menino e sobre o passado, e, como já se conhecem a fundo, não existe o saboroso jogo de conquista que todos esperam. Reese Witherspoon e Ashton Kutcher são bonitos, carismáticos e tem um ótimo timing cômico, não é à toa que foram alçados ao estrelato em comédias (“Legalmente Loira” e “That ‘ 70s Show”) para depois partirem para papéis mais densos. 

O fato de Debbie ser aficionada por literatura faz um ótimo paralelo com a vida real, onde a atriz Reese é fundadora e ex-proprietária da produtora “Hello Sunshine”; ela a fundou em 2016 para mudar a forma como as mulheres são vistas nos meios de comunicação, dando-lhes mais espaço. A empresa gerou uma produtora de cinema e TV, rede de vídeos sob demanda e um clube do livro concentrado em histórias de mulheres, feitas por mulheres. Whitherspoon a vendeu em 2021 mas continuou no conselho administrativo. “Big Little Lies”, “The Morning Show”, “Little Fires Everyhwere”, “Livre”, dentre outros, são produções da “Hello Sunshine” anteriores a “Na Sua Casa ou Na Minha?”.

O filme marca a estreia na direção da roteirista Aline Brosh McKenna, que tem no currículo “Vestida para Casar” e o sucesso “O Diabo Veste Prada”. Aqui sua direção é apenas correta, ela não inova e na segunda metade empolga bem menos que na primeira. O final de qualquer comédia romântica é sabido por todos, porém em “Na Sua Casa ou Na Minha?”, além de previsível ele é enfadonho. Um filme fofinho e só.






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