'A Porta ao Lado' : Letícia Colin e Bárbara Paz são destaques em longa que explora monogamia versus relações abertas | 2023
NOTA 6.0
Por Marcelo Azolino @pílulasdecinema
Retrato de uma sociedade cada vez mais fluida em termos de relacionamentos, o filme 'A Porta ao Lado' coloca na pauta discussões e provocações sobre relações amorosas monogâmicas ou não a partir da perspectiva de dois casais vizinhos de porta. Enquanto Mari (Letícia Colin), uma jovem chefe de Cuisine, abraça uma relação tradicional e monogâmica com o bom moço Rafa (Dan Ferreira), seus vizinhos Isis (Bárbara Paz) e Fred (Túlio Starling) adotam um relacionamento declaradamente aberto e liberal.
A partir desta estrutura narrativa, o roteiro de L.G. Bayão e Patrícia Corso costura temas como racismo, machismo, infidelidade, acordos de relacionamentos e ciúmes. É interessante notar como os dois modelos de casais acabam entrando em rota de colisão à medida que seus princípios são colocados em cheque nas interações uns com os outros.
Se de um lado a personagem de Letícia Colin compõe uma esposa tradicionalista e com relação monótona com seu marido, Bárbara Paz traz frescor e espontaneidade na construção de sua personagem espírito livre e “roots”, como a atriz definiu na coletiva de imprensa em São Paulo. A queda de braço entre as atrizes é o ponto alto da obra que ressalta o protagonismo feminino e a independência da mulher de forma inteligente e sem rodeios.
Esta perspectiva tão feminina tem o olhar apurado da diretora Júlia Rezende, que além de já ter dirigido comédias rasgadas como 'De Pernas pro Ar 3' e 'Meu Passado me Condena', apresenta sensibilidade para construir um drama maduro que traz combustível para boas discussões após a sessão.
'A Porta ao Lado' foi filmado durante a Pandemia de Covid e o processo de produção da obra sofreu com as idas e vindas das testagens e contaminações do elenco pelo coronavírus. Dessa forma, ver a trama redonda e visualmente bem acabada é uma vitória do audiovisual nacional que sobreviveu aos trancos e barrancos nos últimos anos. Por fim, cabe ressaltar que nesta história não há certo e nem errado, não há juízo de valores sobre os casais, apenas um retrato honesto sobre a coexistência de modelos de relacionamentos mais flexíveis e mais tradicionalistas nos dias atuais. Tem espaço para todo mundo...
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