'Segundo Tempo' : cineasta Rubens Rewald traz história de luto e redescoberta entre irmãos | 2023
NOTA 7.5
Por Rogério Machado
O que vem depois do luto? Alguns se fecham para tudo ao redor, outros podem ver em períodos turbulentos uma oportunidade de crescer e ser melhor. 'Segundo Tempo', do cineasta Rubens Rewald ('Corpo', 'Super Nada'), além de ter essas metáforas impregnadas em seu roteiro ainda caminha por questões como a imigração de judeus no Brasil em função da Segunda Guerra, e como tantas histórias se perdem com o passar dos anos. Como alguns legados são apagados por descaso ou mesmo porque o universo parece conspirar para que algumas trajetórias importantes não vejam a luz do dia.
Para que a empreitada tenha êxito, os irmãos precisam deixar de lado as diferenças que sempre tiveram um com outro na tentativa de encontrar esse tal lugar no mundo. Na busca por esse passado desconhecido, eles tentam através de de uma investigação minuciosa e cheia de afeto, descobrir uma narrativa própria para que consigam lidar com esse mundo caótico, sem amor ou sentido.
Dois irmãos que se perderam em banalidades, onde cada um tem seu próprio modo de ver a vida: Carl é displicente e desatento, leva a vida como se não houvesse amanhã, já Ana é assustadoramente responsável e cuidadosa com a saúde do pai, Helmut (Michael Hanemann). Depois desse episódio difícil, Ana escolhe se fechar, e Carl, talvez para se eximir de uma culpa, se movimenta para destrinchar sua ascendência e fazer algo por si, sua irmã e seu legado.
'Segundo Tempo' é uma história de redescobrimento e pertencimento. A partir de uma narrativa inicialmente despretensiosa, Rewald, do meio para o fim, nos chama a refletir sobre o drama do holocausto e como a imigração de poloneses e judeus afetaram o mundo todo pelo genocídio provocado por Hitler. Ainda que a direção opte por algumas escolhas descoladas da realidade e torne tudo muito fácil para nossos protagonistas, o longa ganha um volume gigante com o clima investigativo e as memórias de família que vão chegando pouco a pouco até nós. É como ouvi uma vez e costumo repetir: existem erros que tem que ser sempre lembrados para que não mais de repitam.
Deixe seu Comentário: