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'Nintendo e Eu': produção filipina é um coming of age que apela para a nostalgia noventista | 2023

NOTA 5.0

Por Alan Ferreira @depoisdaquelefilme

É inegável que o apelo à nostalgia tem sido uma das grandes estratégias traçadas por produtores de audiovisual em diferentes partes do mundo. Basta um breve navegar pelos menus dos serviços de streaming ou pelos circuitos das salas escuras país afora para que comecem a surgir exemplos dessa forma de atrair o interesse do público. “Nintendo e Eu”, produção filipina que chega aos cinemas nesta quinta-feira, procura balançar o coração dos espectadores que viveram nos anos 1990 através de dois totens que lhes tocam fundo na memória afetiva: a já óbvia referência a um dos videogames mais famosos da história e um enredo baseado no clássico “Conta Comigo”, dirigido por Rob Reiner.

Centrado na jornada de descobertas de quatro adolescentes (três meninos e uma menina) que vivem em Manilla, o longa dirigido por Raya Martin se apropria não só do clima noventista através do figurino e das muitas menções a elementos da cultura pop da época (como dói ver sua juventude sendo recriada com o status de reconstituição de época), mas também insere nas aventuras dos pequenos protagonistas a sonoridade característica dos jogos, sobretudo a do fenômeno Super Mario Bros. – que já conta com uma animação de sucesso em exibição –, formando, assim, um prato cheio para os saudosistas de plantão.

E como um bom coming of age que se preze, surgem questões envolvendo a puberdade, metaforizada pelas erupções de um vulcão que estremece a rotina do lugar, e que servem para a construção de momentos bem-humorados, já que a circuncisão, tida como símbolo de amadurecimento naquela cultura, torna-se uma verdadeira obsessão para os três meninos do grupo. Contudo, diferente do filme que lhe serviu de inspiração, falta imaginação ao roteiro de “Nintendo e Eu” para criar situações que tirem a trama de uma certa monotonia em relação aos jovens personagens e seus objetivos. Interesses amorosos, por exemplo, são trabalhados de maneira tão simplória que mais parecem tiradas – quem viveu os anos 1990 vai lembrar – de uma novela das seis escrita por Walter Negrão.

Além disso, o longa é incapaz de aprofundar minimamente os temas que suscita. A desigualdade social que é explicitada logo na apresentação do quarteto, em closes que opõem chinelos velhos e tênis importados, jamais se torna um dilema real a ser enfrentado. Nem mesmo as relações entre os adolescentes e seus familiares, quando expostas, adquirem a relevância que poderiam, o que empobrece demais o resultado final. Por essas razões, quando “Nintendo e Eu” chegar ao seu game over, dificilmente ficará no espectador aquela vontade de apertar o restart. 







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