'A Mãe': Jennifer Lopez empresta seu carisma a novo thriller de ação da Netflix | 2023
NOTA 6.0
Por Eduardo Machado @históriadecinema
Cansamos de ver no cinema policiais aposentados que, por circunstâncias da vida, são obrigados a voltar à ativa e combater o crime. Franquias de sucesso como “Busca Implacável” e “O Protetor”, por exemplo, não me deixam mentir. Premissa parecida tem a “A Mãe”, o mais recente thriller de ação da Netflix, o qual, porém, possui uma diferença relevante. Ao contrário dos filmes citados, possui protagonista mulher e tem no sentimento materno um dos fios condutores da narrativa.
A história começa em uma típica casa dos subúrbios dos Estados Unidos, onde a nossa heroína (Jennifer Lopez) tenta negociar um acordo com o FBI acerca do envolvimento com traficantes de armas. A negociação, entretanto, é interrompida, quando os bandidos conseguem acessar a residência e travam um embate com os agentes. Durante o caos, um dos bandidos, Adrian Lovell (Joseph Fiennes), consegue ferir a mulher com um golpe na barriga e a tensão aumenta, quando vemos que ela está grávida. Ela, que pelo resto do filme será conhecida apenas como “Mãe”, sobrevive e o bebê também, mas é preciso ser pragmática. Como manter a guarda da criança se ela ficará permanentemente sob risco perto de sua mãe? Para proteger sua filha recém-nascida, ela se vê obrigada a entregar a menina para adoção, enquanto vive escondida no Alasca. O tempo passa e, 12 anos depois, Zoe (Lucy Paez), sua filha, está novamente em perigo, pois os mesmos traficantes que procuravam a Mãe no passado conseguem sequestrar a menina, fazendo com que a Mãe tenha que retomar todas as suas habilidades de assassina.
Passando por Cuba e Alasca, o filme tem pecado grave no que toca à caracterização estereotipada de seus vilões e do ambiente cubano. É péssimo que se identifique Cuba apenas como um cenário de corpos desnudos, onde impera o uso de drogas e o crime. Não há motivo para se reforçar uma visão equivocada de que o latino nos Estados Unidos é sinônimo do desafio à ordem e à lei. Também não foge da caricatura o vilão interpretado por Joseph Fiennes, cuja cicatriz no rosto, que nos remete ao “Duas Caras” do Batman, chega a beirar o ridículo.
As cenas de ação, por outro lado, são o auge do filme, que conta com ótimos cenários, entregando um visual deslumbrante. A perseguição pelos becos sinuosos de Havana e a batalha na neve do Alasca nos fazem lembrar, inclusive, dos melhores filmes de James Bond. O esmero nas cenas de ação, entretanto, não condizem com a falta de cuidado com o roteiro, que, de tão incoerente, parece que foi feito às pressas. Afinal, como explicar uma mulher que num dia é capaz de curar ferimentos à bala, em outro não consegue lidar com simples pontos na mão da filha?
Jennifer Lopez entrega uma atuação convincente, assim como Lucy Paez, que interpreta a menina Zoe, com quem estabelece interações interessantes, que poderiam ter prevalecido no filme em detrimento do cansativo confronto com vilões cartunescos. Porém, ainda que genérico, o filme tem as armas para agradar os fãs do cinema de ação, assim como devem ficar satisfeitos os amantes da musa JLo.
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