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'O Último Ônibus': Timothy Spall viaja todo o Reino Unido espalhando uma corrente do bem | 2023

NOTA 5.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Tom Harper (Timothy Spall) é um homem idoso, de andar e fala arrastada, que, subitamente, decide percorrer, de ônibus, mais de 1000km de sua casa em John O'Groats para Land's End no outro lado do país. No início, pode surpreender o espectador, mas, aos poucos, os flashbacks do início de seu casamento adicionam o contexto necessário para que entendamos as razões daquele senhor. É um retorno às origens que ele precisa, para se reconciliar com um passado trágico. O filme dirigido por Gillies MacKinnon tinha, de fato, tudo para nos envolver em emoção, não faltasse tanto carisma e inventividade a ele.

O longa conta com um Timothy Spall bem caracterizado como um homem triste, mas com as melhores intenções do mundo, sempre espalhando o bem, cujo exemplo ilumina a todos. Durante a viagem, ele encontra todos os tipos e o roteirista Joe Ainsworth consegue, ao seu jeito, expor uma Grã-Bretanha moderna, que enfrenta os preconceitos e aconchega os imigrantes. Uma visão deveras patriótica, entretanto, que, em certos momentos, pode beirar a pieguice.

“O Último Ônibus”, porém, tem o grande mérito de não ridicularizar a velhice, o que seria uma armadilha comum para filmes com protagonistas idosos. Nesse caso, no entanto, temos um protagonista altivo, responsável e, o mais importante, emocionalmente vulnerável como todos nós somos. A idade do personagem jamais foi tratada com deboche, pelo contrário, sempre com o máximo respeito, o que poderia ser mais bem explorado, dado o talento de Spall.

O filme, então, desperdiça o que tem de melhor. O que seria um retrato intimista e sutil do passar dos anos e um reencontro amistoso com o passado, torna-se uma viagem cansativa, previsível e enfadonha. Sem mergulhar de fato na dor do protagonista, o filme prefere lançá-lo ao interesse superficial alheio.





 

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