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'Elementos': Pixar encorpora romance, comédia e drama em filme arriscado e intuitivo | 2023

NOTA 8.0 

Eu não posso viver num mundo sem você 

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Uma tendência que tem se confirmado nos últimos anos é a inclinação das animações Pixar e Disney para a ausência de uma figura vilanesca ou maligna em prol da promoção de um debate sobre amadurecimento entre gerações. Filmes como 'Encanto' (2021), 'Luca' (2021) e 'Red: Crescer é uma Fera' (2022) encontram seu lugar próprio justamente na relação entre os progenitores e as vidas que projetaram para seus filhos e netos. Com 'Elementos' (2023) não é diferente, mas o filme apresenta uma vertente até então não explorada nessa dinâmica de frustrações com os pais e avós. O filme, dirigido por Peter Sohn, possui todos os méritos de uma legítima animação Pixar: ele diverte, cativa e emociona na medida certa, provocando até algum suor ocular em seu público. Ocorre que, curiosamente, falta ao filme um "elemento Pixar" que o torne grandioso como foram os sucessos clássicos do estúdio.

Prometido como um novo 'DivertidaMente' (2015) e com potencial para devolver à Pixar seu lugar pomposo no hall da indústria, 'Elementos' tem amargado um fracasso comercial notável, escancarando o problema interno que o estúdio possui na tratativa de suas histórias. A questão maior é: o filme é bom? E sendo bom, por que o grande público não tem ido ao cinema assistí-lo? A resposta está na dinâmica de lançamentos no Disney+, que ocorre algumas semanas após o lançamento nos cinemas; e também no excesso de títulos bons que tem lançado toda semana desde meados de maio. Um filme como esse, com um apelo majoritariamente infantil, acaba perdendo a disputa contra outros blockbusters porque já existe a certeza de assistí-lo em casa dentro de pouco tempo. Uma pena, devo enfatizar. O filme se arrisca em sua abordagem sem vilão e se mostra muito inventivo e intuitivo na criação de seu universo (mesmo embora algumas coisas importantes permaneçam sem explicação).

Ao focar no romance e em uma problemática a ser enfrentada em conjunto, o roteiro opta por focar nas relações interpessoais e promove um debate curioso sobre imigrantes e preconceitos. Sua curiosa trilha sonora (assinada pelo sempre excelente Thomas Newman) é um deleite aos ouvidos, e se encaixa com perfeição na belíssima declaração de amor que o filme traz (declaração essa que é uma das mais bonitas e simples do cinema dos últimos anos). Com uma sinfonia de desarranjos e cenas que tentam imprimir uma identidade própria e bem peculiar ao seu resultado final, 'Elementos' não é excelente como 'Homem-Aranha: Através do Aranhaverso', mas tem seu charme e cumpre seu papel de fazer pensar e consegue dialogar com diferentes gerações sobre a importância do respeito às individualidades.






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