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'Ricos de Amor 2' : longa dá sequência ao romance do príncipe do tomate, agora ambientado na Amazônia | 2023

NOTA 5.0

Por Karina Massud @cinemassud 

No primeiro “Ricos de Amor” (2020) acompanhamos o romance de Teto, garoto rico, mulherengo e mimado, filho do rei do tomate que se apaixona perdidamente por Paula, uma estudante de Medicina idealista e turrona; e para conquistá-la ele finge ser pobre e batalhador, tentando melhorar pra ser digno da pessoa amada. Uma comédia romântica leve e descompromissada, com elementos clássicos do gênero que, apesar de não inovar nem ser grandiosa, agrada bastante quem procura um filme típico da Sessão da Tarde no catálogo da Netflix.

Já a trama de “Ricos de Amor 2” insere questões sociais poderosas como pano de fundo pro romance dos pombinhos e resulta numa produção desnecessária, um desastre total. Somente filmes de médio ou grande sucesso de público ganham uma sequência (nem sempre satisfatória), então deduzo que, ao se deparar com essa resenha crítica, muita gente está se perguntando “Mas existe um ‘Ricos de Amor 1”?

Paula, já formada e com o namoro com Teto indo de vento em popa, decide ir para a Amazônia como médica voluntária trabalhar nas aldeias indígenas. Teto, depois de se estabelecer profissionalmente, tenta salvar seu relacionamento e sua cooperativa de produção de tomates orgânicos, a “Teto Fresco”, da bancarrota indo pras margens do rio Amazonas.

Os personagens tem lá o seu charme, porém falta talento ao elenco pra sustentá-lo nesse novo roteiro que trata os protagonistas como os brancos salvadores dos indígenas, o que pareceu bem pejorativo, visto que o homem branco é o opressor e o nativos bem mais sábios. Paula (Giovanna Lancellotti) é uma moça chata, inflexível, dona da verdade que aponta o dedo pra tudo e para todos, fica difícil torcer por ela. Já Teto (Danilo Mesquita) é um personagem que a trama nos guia a “ter repulsa” por ser um herdeiro “mimado e egoísta”, porém é por ele que sentimos um pouco mais de empatia, pois se apaixonou por uma moça complicada, que parece não gostar do conforto que o dinheiro proporciona e  que faz de tudo pro namoro dar errado. Curioso que a jornada de crescimento existe somente pro Teto, e ele consegue chegar lá, cair na real e melhorar como pessoa; já Paula fica estagnada, pois ela é tida como ideal e por isso não precisa evoluir.

Se no primeiro filme a direção de Bruno Garotti e Anita Barbosa acertou na produção para consumo rápido e sem muitas firulas, aqui o trabalho solo de Garotti erra feio ao colocar debates sócio-culturais como mineração clandestina e inclusão de forma bem simplória, assim como os dilemas dos personagens. Garimpos que dizimam com a natureza e com as poucas civilizações indígenas remanescentes são um assunto grave que merece ser tratado com maior profundidade. As confusões amorosas dos protagonistas são resolvidas vergonhosamente num piscar de olhos: num momento Teto flagra Paula beijando seu colega médico, no outro eles já estão agarrados sem nada questionar. “Ricos de Amor 2” não diverte muito menos acrescenta nada.






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