Adsense Cabeçalho

'Sangue e Ouro' : trama militar é uma trincheira de boas referências | 2023

NOTA 8.0

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo 

A primeira vista, o filme alemão 'Sangue e Ouro', nova inserção internacional da Netflix ao catálogo, traz uma gama de alusões e referências do Cinema nos últimos anos. A busca gananciosa dos nazistas pelo ouro perdido e conspiratório, por exemplo, pode lembrar 'Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida' (1981) instantaneamente; o tom visual dado a fotografia, ao contrário do que se poderia esperar do tempo modorrento e sombrio da Guerra, dá lugar a um apanhado de texturas modernas, algo parecido com o que Taika Waititi fez recentemente em 'Jojo Rabbit' (2019). Mas é na trincheira Tarantinesca que o diretor parece se alojar de vez: desde a estrutura quase satírica ao revisionar a história durante a Guerra, dando fins específicos (e cruéis) aos personagens, até as letras amarelas garrafais, atiradas contra o fundo preto logo nos créditos iniciais, que o filme alemão parece se inspirar livremente. 

Na trama, Henrich é um desertor do exército alemão e, por isso, acaba envolvido numa busca sangrenta pelo ouro dito judeu. Conforme a narrativa avança, os acontecimentos na vida de Henrich, se tornam previsíveis, quando passa da sobrevivência à vingança rapidamente. Enquanto os personagens, Henrich e Elsa, terminam com motivações em comum naquele momento, já que a figura vilanesca, um militar do alto escalão com postura calma, porém excêntrica (a lá Hans Landa, não fosse o visual de 'O Quinto Elemento'), funciona bem como o grande aglutinador. 

Por trás das câmeras, o diretor Peter Thorwarth, roteirista do excelente estudo político 'A Onda' (2008) e tendo dirigido recentemente o interessante terror 'Céu Vermelho Sangue' (também na Netflix), faz seu trabalho de direção mais autoral. Através das referências mapeia algumas de suas atitudes, mas aproveita-se dessa posição para enquadramentos criativos que  separaram em extremos o bem e o mal na narrativa. Além disso, sempre que pode, faz retenções bem humoradas em cena, em um grande circo cômico, até que traga de volta o que é conceitualmente mais “forte” – da temática e suas ramificações. Este é mais um ponto alto da direção, ao inserir estes alertas e colocar o espectador de volta aos trilhos, como se percebesse os tiros de atenção no campo de batalha.

'Sangue e Ouro' tem boas valências, especialmente quando toma emprestada suas referências. Vale ressaltar ainda as cenas de luta bem coreografadas, a ambientação recheada de boas ideias e as idas e vindas de um roteiro bem amarrado (outra vez - ainda que previsível). Uma ótima surpresa e mistura que funciona perfeitamente.






Nenhum comentário