'Seus Ossos e Seus Olhos': longa foca em histórias contemporâneas contadas a partir da memória de seus personagens | 2023
NOTA 5.5
Por Eduardo Machado @históriadecinema
Caetano Gotardo, em seu segundo filme como diretor solo, coloca-se na posição central, de protagonista, em “Seus Ossos e Seus Olhos”. O longa que estreia no circuito comercial nessa semana, mas que já tinha participado do Festival de Berlim há 2 anos, tem premissa interessante brincando com a metalinguagem para falar de relações efêmeras e, sobretudo, de memórias.
A ideia é genial. Um filme que está sempre no presente, porém falando do passado, do que já foi vivido. O diretor, Caetano Gotardo, se coloca como o protagonista, João, também um cineasta, o que nos leva a suspeitar, de início, tratar-se de uma obra autobiográfica. Mas João é muito mais um ouvinte das histórias alheias, costumeiramente colocado em plano de fundo ao ouvir as memórias de outras pessoas sobre as relações que viveram com outrem. Ora, mas como confiar nessas memórias, se tão subjetivas elas são?
O questionamento acerca da subjetividade da memória é lançado no ar como ponto de virada na metade do filme. Até lá, entretanto, o diretor te desafia a permanecer atento a uma obra de monólogos tão belos quanto vazios, impondo, portanto, uma missão difícil ao espectador, devido, especialmente, à falta de desenvolvimento de um conflito, imprescindível para uma boa narrativa.
Nesse passo, “Seus Ossos e Seus Olhos” é um filme cuja teoria não acompanha a prática. A ambição de fazer um filme sobre memórias e a efemeridade das relações contemporâneas é mais do que louvável, desde que acompanhada de um desenvolvimento narrativo adequado. Caetano Gotardo, ao menos, não se rende à mediocridade.
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