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'Agente Stone' : Gal Gadot assume o protagonismo em trama de espionagem | 2023

NOTA 7.0

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo 


Existe uma escala de acontecimentos importantes na trajetória cinematográfica (e fora dela) entre o pragmatismo charmoso de James Bond e o protagonismo feminino mais sério em tramas de espionagem. É o que acontece com Gal Gadot em 'Agente Stone', nova empreitada da Netflix. Isso porque há algum tempo a “cara” do Cinema de ação, que sempre esteve encrustado como ferrugem por personagens masculinos (ou masculinizados), desde os famosos ‘brucutus’ patrióticos dos anos 80-90, vinha ganhando novos contornos ao dar espaços tímidos à feminilidade de novos personagens. A tal “brincadeira de garotos”, talvez não fosse tão restrita assim. Os papeis femininos que antes serviam apenas para aliviar a tensão cômica ou aumentá-la por pura obra da sua sensualidade, não vendem mais. Os tempos mudam, apesar de muitas tentativas caírem ainda na estereotipada espiã feminina. É o momento de novas narrativas com bons frutos potenciais a serem colhidos ali na frente.

A trama de 'Agente Stone', porém, talvez seja a mais tradicional para filmes desse gênero: espiões que fazem jogo duplo, traições contínuas, mocinhos que se tornam vilões ou mesmo vilões que se tornam mocinhos. Arcos que se complementam e misturam para fugir da linearidade e deixar o espectador confuso e engajado, sem saber ao certo em que estado está em cada momento. É aquela boa e velha história da superarma que não pode cair nas mãos erradas e todos correm (literalmente como Ethan Hunt) para impedir que aconteça. Mas, sem os gadgets mais comuns, como os trajes ultramodernos ou as canetas filmadores, o filme percorre pelo caminho mais fácil da ação desenfreada desde seus minutos iniciais. É aqui que relembra tudo aquilo que funciona no gênero e os compila numa coletânea de “melhores momentos”, com as perseguições de carro, moto e até snowmobil, para citar apenas alguns, além das cenas corpo a corpo bem coreografadas. 

E é assim que 'Agente Stone' acerta com precisão, pois confirma a seriedade que o protagonismo de Gal Gadot tanto merecia. Longe da sensualidade barata ou para servir ao alívio cômico, o diretor britânico Tom Harper entrega um algo a mais que faltou a tantos outros títulos recentes. As incisões cômicas aparecem, aqui e ali, mas o filme não depende delas para o sucesso. E, mesmo com a simplicidade do roteiro e com personagens de motivações curtas, a trama é envolvente e atinge seu objetivo, com Stone não sendo refém em momento algum do peso de seu papel ou ciente de qualquer sombra das outras franquias poderosas que estão por aí. 

Com boas cenas que engajam o espectador, uma montagem convincente, as reviravoltas (até esperadas) e as locações que chamam a atenção, 'Agente Stone' é definitivamente um acerto da Netflix. Há mais seriedade e até mesmo simpatia do que as obras recentes do streaming, mas não falemos destes aqui!






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