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'Depois de Ser Cinza' : filme conecta quatro histórias entre a Croácia e o Rio Grande do Sul | 2023

NOTA 6.0

Por Marcello Azolino @pílulasdecinema 

Apesar do tom melancólico e de por vezes a narrativa parecer arrastada, 'Depois de Ser Cinza' ganha força através de seu elenco que sabe construir núcleos interessantes em cada uma das histórias que se entrelaçam. O elemento comum é Raul (João Campos), antropólogo, que inicia o filme em viagem solitária à Croácia. Seu tom meio deprimido é chacoalhado quando a brasileira Isabel (Elisa Volpatto), desiludida após o término de um relacionamento, cruza o caminho de Raul em um hotel no país europeu. Ambos acabam seguindo de carro juntos até Dubrovnik em um núcleo que acaba virando uma espécie de road movie.


Aos poucos somos apresentados a outras mulheres que tiveram importância na trajetória de Raul, Suzy (Bianca Messina) e Manuela (Sílvia Lourenço) são mulheres fortes que se situam na vida do personagem, em outro momento, em Porto Alegre. Com uma estrutura não linear, o diretor Eduardo Wannmacher propõe uma direção inspirada com longos planos estáticos e captura diálogos que se desenrolam de forma eficiente para construir a personalidade de cada uma das três mulheres e do protagonista.

O roteiro de Leo Garcia dedica tempo de qualidade para explorar situações que se ligam em tempos e locais diferentes para culminar no estado de espírito em fragalhos de Raul na sessão croata do filme. Enquanto Isabel consegue falar a língua do país, Raul parece não se conectar com absolutamente nada aumentando o grau de isolamento do casal à medida que percorrem cidades menos turísticas como Zadar.

Enquanto a dinâmica entre Raul e Isabel é regada de tensões e estranhamentos entre os dois desconhecidos compartilhando uma jornada de viagem não usual, acompanhamos as histórias de Suzy, amiga independente e descolada de Raul, que nutre uma paixão meio desconcertante por ela. Aqui a história explora noitadas entre amigos e uma relação bastante fluida entre eles. Já Manuela é a psicóloga de Raul e passa a ter uma relação conturbada com seu paciente.

Sem alívios cômicos, o roteiro de Garcia pesa a mão no mood dramático refletindo o estado de espírito do quadrilátero de personagens, porém o faz com habilidade e timing para manter o público minimamente interessado naquele novelo de histórias emocionalmente carregadas. No final das contas, esta narrativa parece pontuar as idas e vindas de pessoas na vida contemporânea umas das outras, com relações afetivas cada vez mais efêmeras e frágeis. Uma jornada que envolve dois países, um isqueiro e seres humanos perdidos buscando colocar suas vidas nos trilhos.








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