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'Tire 5 Cartas' : Lília Cabral vive cartomante trambiqueira em longa cheio de afeto | 2023

NOTA 6.0

Eu não sou cartomante, eu sou taróloga! 

Por Rogério Machado


A competência de Lilia Cabral como atriz é conhecida nos quatro cantos desse país, e embora já tenhamos visto a veterana algumas vezes em papéis cômicos nas novelas (a melhor lembrança pra mim é a Dona Amorzinho, sua personagem em 'Tieta'), no cinema temos poucas referências da atriz, mas é na comédia onde ela mais se destaca: 'Divã' (2009), 'De Volta ao Divã' (2011) e 'Júlio Sumiu' (2013) são alguns dos títulos que exemplificam essa afirmativa. Contudo, mesmo cientes do imenso talento e versatilidade de Lilia, pra mim enquanto expectador é muito inusitado vê-la encarando (sempre com maestria diga-se de passagem)  alguns personagens como a Fátima de 'Tire 5 Cartas', filme de Diego Freitas ('Depois do Universo' - 2022) que chega aos cinemas essa semana. 


Na trama vamos conhecer Fátima (Lília Cabral), uma mulher de 60 anos que saiu de São Luís para o Rio de Janeiro para realizar o sonho de ser cantora. Com o passar dos anos seu sonho ficou cada vez mais distante e ela se viu obrigada a trocar os palcos pelas cartas do tarô. Com a ajuda de seu marido Lindoval (Stepan Nercessian), ela enrola seus clientes obtendo informações sobre eles nas redes sociais. Quando um anel de turmalina roubado aparece em sua casa, Fátima e seu marido fogem dos bandidos envolvidos nesse roubo e voltam ao Maranhão, onde lá ela terá que encarar sua irmã (Cláudia Di Moura) e todo um passado o qual ela fugiu por uma vida inteira. 

'Tire 5 Cartas' tem seus limites entre drama e comédia muito bem definidos, ainda que isso não necessariamente represente um ponto positivo. O subgênero conhecido como 'dramédia' (formato que mistura o cômico e o trágico num só produto) é a aposta de Diego Freitas para contar a história dessa mulher brasileira como tantas outras, que é apaixonada pelo marido e pela vida, mas que pelas perdas e circunstâncias, teve que se reinventar para seguir em frente. É quando entra em ação todo o humor nato de Lilian para dar vida a essa protagonista cambalacheira e de fala afiada. Quando a narrativa investe no carisma da personagem é quando a trama estabelece a melhor conexão com o público. Já não se pode dizer a mesma coisa quando a comédia de situação dá lugar ao drama familiar e às memórias de Fátima.

É bem verdade que quando a certa altura  o personagem de Stepan cresce (me esquivo aqui de um spoiler que poderia estragar sua experiência), salva a segunda metade da história mergulhar num completo dramalhão. A responsabilidade de manter os pequenos traços de humor fica nas mãos do ator, que não surte o mesmo efeito da abertura em função do peso das tintas no drama familiar. De todo modo, apesar de cometer deslizes  em seu desfecho, o longa tem outros muitos atributos que fazem dele um belo programa de ida ao cinema - as referências a sétima arte e as homenagens a Alcione e Sidney Magal (que fazem uma participação especial no filme) são motivos suficientes pra fazer o coração ficar quentinho... ainda que a risada escancarada fizesse melhor ao projeto.










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